sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Reencontro - Parte II

O Isabelinha não ficava muito longe dali. Eram quinze minutos de carro. Quando lá chegamos pedi à dona Isabel para irmos para o piso de cima, para não haver muitos olhos vidrados em nós. Ela aceitou com um sorriso. É óbvio que não lhe falei que David era o meu… “Companheiro de relacionamento” mas disse “Dona Isabel, estar aqui com o David é o mesmo que estar numa fila da Segurança Social, mete nojo. Aqui é porque irei ter toda a gente a olhar. Ainda por cima, precisava de falar com o pobre rapaz. Anda com azar no amor, a namorada deixou-o.”. David claro, não estava a facilitar as coisas, estava afastado de mim, a um canto perto da entrada e quando inventei toda esta história dona Isabel olhou para ele. Reacção de David: acenar com um sorriso de todo o tamanho. “Filha, o rapaz é normal? Não me parece muito triste” disse ela. Que embrulhada onde me estava a meter. Já estava farta de mentir. Custava-me tanto fazê-lo. O meu pai sempre disse que era um acto vergonhoso e agora estava a fazer. No caso do meu pai até estava a desobedecer a dois dos seus pedidos. Primeiro de não mentir e o segundo de estar com um rapaz. “Dona Isabel, sabe, tem razão. Ele sofre de um problema. É obsessivo-compulsivo e às vezes tem estes comportamentos. Acha que posso ir lá para cima? Eu venho cá buscar a comida.” expliquei, tentando despachar a conversa, até já estava a inventar doenças. Que Deus me perdoasse um dia por tantas calúnias que estava a fazer. “Não é preciso filha, vai, vai que eu já mando a comida e bebidas pelo elevador. Só tens que me dizer o que queres”. Senti-me mais aliviada pela Dona Isabel ter acreditado em tudo aquilo. Ambos pedimos Robalo assado e fomos para o 1º piso. Quando lá chegamos David apercebeu-se que estavamos sozinhos.
-Isto tudo, só para a gente?
-Sim, é só para nós. – Agarrei-me a ele e puxei a sua camisa pelos colarinhos – No parque ias fazer uma coisa que não deixei… Queres tentar agora?
-Você dá-me licença?
-Dou sim.
David puxou-me para perto dele agarrando a minha cintura. Embora estivesse um dia frio, qualquer pessoa aquecia ao lado de David. Queria que ele me beijasse, me desse um beijo longo e simples, suave e carinhoso, como fora na primeira vez. Um beijo verdadeiro. Queria que ele me fizesse feliz e sentida e parecia que ele sabia que eu queria isso mesmo. “Quero que sejas minha” disse. Sentia-me arrepiada, a vontade com que David tinha dito tal coisa, o sentimento. “Quero ser tua” respondi. Ele deu-me um beijo lento e que se transformou voraz. Ambos necessitávamos daquele beijo, embora nenhum de nós dissesse, os nossos beijos afirmavam, estávamos apaixonados um por o outro. Não havia palavras para explicar aquele momento. David subia as suas mãos para minha cara e fazia pequenas carícias com elas, sentia os lábios suaves e a ternura nos movimentos de David. Aquele beijo representava as saudades, a paixão, afecto, carinho. O beijo não era cinematográfico, era sentido, era… amado. Conseguia descobrir David apenas e só com um beijo, com um simples mas tão importante beijo.
-David… - afastei-me um pouco dele – Nunca tenhas dúvidas.
-Do quê?
-Que és importante para mim.
David mais nada disse, voltou a beijar-me. Parei com tudo, pus as minhas mãos em seu peito, sabia que não ia aguentar muito mais tempo. Era demasiado tentador e não podia acontecer.
-David… Por favor, aqui não.
David roubou-me um beijo e abraçou-me. Sentia sua falta, dos seus carinhos, dos nossos passeios. O resto do almoço foi feito em carícias, beijos e brincadeiras. Embora houvesse dois pratos, David retirava comida do meu. Eu, por minha vez, tinha as minhas pernas em cima das delas. As nossas cadeiras estavam quase juntas e da grande mesa só se aproveitava um bocadinho.
-Maria, o que vai levar para a passagem de ano?
-Um vestido… Espera aí, não te vou dizer.
-Porquê?
-Porque sim. É surpresa e não, não há nada que possas dizer ou fazer para mudar de ideias.
-Pronto, pronto. Ah, já me esquecia. Você vai ao jogo com o Nacional?
-Não, não vou. – fiz uma pequena paragem, sentia-me com vergonha de não ir apoiar a equipa – Os bilhetes são caros e eu não estou a nadar em dinheiro.
David sorria para mim, com um ar um pouco tolo mas eu sabia o que ele queria dizer. Estava satisfeitíssimo com a minha resposta embora tivesse sido negativa.
-Então ainda bem, você vai ver o jogo no camarote das famílias.
-David… Nem penses! Eu aí não entro.
-Porquê é assim? Eu tenho a certeza que você ia adorar conhecer a Daniela. Ela é o género de uma Matilde.
-Não é por causa disso David. É porque… Bem… Eu não me sinto bem ao lado daquela gente rica e chique e… Eu não me sei comportar de forma chique num jogo do Benfica. Imagina que o árbitro começa a roubar e eu sem querer mando uma asneirada das grandes. Já imaginaste a vergonha?
-Maria, ouve-me uma vez na vida e faz esse favor para mim, vai ver o jogo ao camarote, ok?
-Ok, ok. Chato. Ao menos posso ir de camisola e cachecol?
-Claro que sim.
-E ténis da all-star?
-Sim Maria, você vai como quer.
-Ok, pronto, eu vou então… Ah, mas só vou com uma condição.
-Qual?
-Marcas um golo para mim.
-Isso já é motivação extra e tudo!
-Então pronto, se não marcares nunca mais vou para lá!
-É… Isso não vale. Fazemos assim, se eu não marcar nos próximos 5 jogos, você não volta a pôr lá os pés.
-Combinado. – David estendeu-me a mão para o acordo estar zelado. Apertei-lhe a mão.
-Na Luz… - segredou.
-Hã?
-Próximos 5 jogos, na Luz.
-Espera aí, isso não vale!
-Vale sim.
-Aí é? Então olha, era bem-feita que só marcasses nos jogos fora.
-Você é mazinha viu? Quando for ao camarote nunca mais vai querer sair de lá. Bancos fofinhos, bar privado, ar condicionado…
-Aí está. Qual é a graça de ir ver um jogo de futebol sem brigar por uma cerveja, sem apanhar chuva ou sem ficar com as pernas doridas por não se sentar em todo o jogo por causa do nervosismo?
-Você é doida, já lhe tinha dito?
-Acho que sim, ou uma coisa parecida..
-Pronto… Maria! Posso dizer-lhe uma coisa?
-Sim David…
-São duas horas e cinco minutos.
-São quê?! Ó Meu Deus, a Eunice vai-me matar!

4 comentários:

  1. com tanta conversa e tantos beijos, o tempo voa, só podia acabar em atraso...

    como smp adorei o cap, fico à espera do próximo...

    Bjs

    Clara

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  2. Ei Adorei mesmo (A)

    Quero mais sim sim?

    Beijinho*

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  3. Muito bom, gosto mesmo desta Maria... adoro a tua fic.
    Quero mais...
    Beijinhos

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  4. linda
    perfeita
    maravilhosa
    fantastica
    única
    ...
    enfim, adoro a tua fic, então a autora uihhh...
    beijão lindona!
    (este casal é lindo *.*)

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