segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Desculpem meninas, este blogue estava inactivo (nem sei porquê). Hoje, lanço novo capítulo! Beijinhos!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Aviso

Caras leitoras,
 por motivos de saúde, a fan fic encontra-se interrompida. Peço imensa desculpa mas não consigo desenvolve-la enquanto esta situação continuar.
Espero que compreendam, obrigada.

sábado, 15 de outubro de 2011

Parte I - Consciência/Inconsciência

Sabia onde estava. Sabia que tinha sido impulsivo mas ele tinha alinhado. Carícias, beijos e ternuras… tantas que foram trocadas numa só noite. Não sei se foram saudades mas acredito que tenha sido o nosso amor.

“Vou-te amar para sempre Maria”


-Maria! Finalmente! Onde andavas? Liguei-te todo o dia! O Rúben já estava a pensar ligar à policia!
-Onde é que ele está?
-O Rúben?
-Sim! Quem haveria de ser!? Onde é que ele está?! Eu preciso de falar com ele!
-Calma Maria. Porque estás assim?
-Ela está grávida, Matilde! Grávida!
-Quem?
-A namorada do David! Ele contou-me!
-Mas afinal o que se passou?
Sabia que tinha de contar-lhe tudo. Matilde era a minha melhor amiga e sabia quando estava a mentir ou a dizer a verdade. Não valia a pena resistir. Contei-lhe o que tinha se passado. Do café com David, da confrontação e da saída infeliz dos meus problemas na casa do Pedro.
-És uma estúpida! Ela não está grávida! Ela nem está em Portugal neste momento. Achas que o David é assim tão burro? Nem parece teu! E dormiste com quem?! Maria… O que se passa contigo? Eu já nem te conheço! Agora sais sempre pela porta mais rápida. Desistes facilmente!
-Desculpa… Mas desde que o David…
-“Desde que o David e eu terminamos a nossa relação, nada tem sido o mesmo”, blábláblá. Quantas vezes é que eu já não ouvi isso? Maria, ele só te está a fazer sofrer um pouco. Tu não sabes como é que ele ficou. Devastado é insuficiente para descrever o seu estado.
-Ele esqueceu-me, seguiu em frente. Não posso fazer nada!
Matilde andava descontrolada pela sala, quando mais se enervava mais alto gritava. Eu tentava defender-me da sua euforia.
-Ele nunca te esqueceu! Ele tem passado os últimos dias a falar com o Rúben sobre ti. A Maria para ali, a Maria para o outro lado, a Maria para acolá. E tu, que tens feito? Ah, claro, dormiste com outro gajo, consumiste drogas e bebeste álcool que se farta! Já não tens dezoito anos, essa idade de loucura e actos radicalistas e idiotas.. Já não sei o que te dizer!
Ao ouvir as palavras de Matilde, a angústia em mim crescia. Ela tinha razão, eu já não tinha dezoito anos. Eu tinha um emprego para manter, uma casa para cuidar, um carro e amigos para agradecer a paciência que tinham tido nos últimos tempos. Abracei-me a Matilde, que ainda andava de um lado para o outro.
-Obrigada por tudo! Por nunca me abandonares, por me teres aturado, pelo apoio ao longo dos anos, por tudo Matilde!
Ela permaneceu-se em silêncio, enquanto me agarrava. Não consegui conter as lágrimas que me escorriam pela face. No meio de tanto drama sobre David e tentativas de fuga falhadas, esqueci-me que o meu tesouro, a minha maior fuga estava sempre presente. Matilde estava sempre pronta para me ajudar.
-Eu só não quero que te percas. Não agora. Maria… Eu vou casar com o Rúben e… Eu queria que fosses a minha madrinha de casamento. Aceitas?
-É claro que aceito, Matilde! É uma honra para mim! Nem sabes o quanto estou feliz!
O resto da tarde foi feito de risos e histórias que ainda tinham ficado para contar do tempo em que eu não estive em Portugal ou até das histórias que vivemos juntos, muitas delas com David ainda presente. Agora, já não éramos um grupo de quatro. Quando cheguei a casa tinha várias chamadas no telefone, entre elas estava David.
“Mensagem de 915673920 às três horas e quinze minutos. Maria? Por onde anda você? Estou preocupado. Ouve, eu… Eu não queria dizer aquilo. A verdade é que você me deixa louco, não sei o que fazer mais. Por favor, me liga quando chegar a casa, vai? Beijo… Eu… Deixa isso prá lá”
Ouvi a mensagem mais algumas vezes, tentava entender as últimas palavras mas… Era demasiado confuso para mim. Olhei para aquela casa enorme, linda, magnífica mas vazia. Tal como o meu coração, que era saudável, que tinha muito para dar mas estava vazio. Sentei-me no sofá e liguei a televisão. Para variar, ela colaborou e nada de jeito estava a dar. No entanto, aquelas últimas palavras rompiam no meu pensamento. Resolvi ligar à única pessoa que me podia ajudar naquele momento.
-Matilde, desculpa ligar..
-Está tudo bem?
-Tudo óptimo mas precisava de falar contigo.
-Deixa-me adivinhar… Sobre o David.
-Bingo! Ele ontem ligou-me.
-Não me digas? Coisa que ele não fez ao Rúben a cada cinco minutos que passava. Primeiro o Rúben contou-lhe e ele disse que não se importava, depois começou a perguntar se já sabia alguma coisa de ti, a seguir veio a partir mais crítica, a mais “raivosa” onde ele quase que te chamava nomes mas logo depois, a parte dos lamentos e a seguir a de desespero.
-Deixaste-me mais perdida do que aquilo que já estava. Eu só queria desabafar um pouco…
-Ah, pois… Mas uma informação extra não faz mal a ninguém, pois não? Já te contei que aquela rapariga com quem ele, pronto, tu sabes… Ela não está em Portugal. E a casa dele é a mesma.
-Porque me estás a dizer isso?
-“Mais vale um pássaro na mão, que dois a voar” e tu não queres voltar a cometer os mesmo erros.
Matilde tinha razão, mais valia um pássaro na mão do que dois a voar e todos os erros que já tinha cometido, e os alertas que tinha recebido fizeram-me perceber que amava David, que nunca tinha-o esquecido. Todas os erros, todas as relações puramente sexuais tinham sido por desespero. Nenhum homem antes me satisfazia sem ser sexualmente. Não me sentia bem com nenhum deles como me sentia com David. A diferença entre uma sexo e amor é que no amor, sentimos muitos mais sentimentos do que no sexo. No sexo temos os preliminares, as carícias, o orgasmo, a excitação mas não passa disso mesmo. Com David sentia tudo à flor da pele e era maravilhoso.
            Sem querer, acabei por desligar a chamada a Matilde. Só me apercebi quando recebi uma chamada da mesma.
            “Vai atrás do verdadeiro amor…”

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Olá a todas as leitoras. Peço imensa desculpa por não postar à mais de um mês mas o tempo tem sido escasso. Entretanto, posso dizer que dentro de muito em breve, um novo capítulo estará disponível.
Beijinhos, Cat*

domingo, 7 de agosto de 2011

"Quem és tu?"

-Não vais atender o telemóvel?
Estávamos nos armazéns do Chiado, mais propriamente no Starbucks. Pedro trouxe-me um Grande Café Americano, o meu café favorito no Starbucks. “Espero que gostes, é o meu preferido”, disse-me antes de dar o café.
-Não me apetece.
Matilde tentava ligar-me incessantemente, não percebia porquê tanta insistência. Não me ia matar por causa de um homem e se não tinha respondido à primeira, nem à segunda chamada era porque não queria falar com ninguém. Entretanto, Pedro fazia com que falasse.
-Nunca tinha visto uma rapariga tão bonita assim, tão triste, devastada, a chorar e à chuva.
-Mas eu já vi melhores desculpas. “Nunca tinha visto uma rapariga tão bonita…”. A sério, não estou para esses lados.
-Hey! – exclamou irritado – por quem me tomas?
-Por mais um garanhão. A sério, conheço muitos assim mas todos com a mesma cantiga. “És tão bonita”, “Que bonito nome”, “Nunca vi…”
-Tem lá calma Maria! Nada disso. Conhecemo-nos desde miúdos?
-Como? – Interroguei-o confusa. Não me lembrava de tal cara.
-Sou o Pedro Guimarães. Irmão da Patrícia Guimarães. Lembraste de mim?
Sinceramente,  só me lembrava da Patrícia. A morena, de cabelo encaracolado, sorriso fantástico e olhos pretos. Do Pedro nem por isso, o que me fazia um pouco de confusão. Patrícia tinha sido minha amiga no secundário.
-Entendo que não te lembres de mim. Mudei imenso nos últimos anos. – De repente, fez-se luz e lembrei-me de um Pedro. “O Gordo”, como era chamado por alguns amigos meus, e não só.
-Espera, tu és aquele rapaz a quem o João chamava de “Gordo”?
-O João Pais? Sim, sou esse mesmo. – Agora sim lembrava-me do Pedro. Era um rapaz baixinho para a sua idade e gordinho. Era tímido, recolhia-se aos seus cantos a estudar. Falava pouco e era alvo de chacota por um rapaz que andava atrás de mim na altura. Como nunca gostei de “gozos”, nunca gostei do João mas ele achava que gozar com os outros podia-me impressionar, e assim continuou. Para sua frustração e dos outros também, e para meu desprezo.
         Agora, Pedro estava diferente. Muito mais alto, com quase um metro e noventa, não magro mas também não estava gordo. Olhava para o sorriso dele, igual ao da irmã.
-Uau… Estás diferente.
-E tu também! Loira, bonita e empresária no Benfica. Aposto que rica também. A vida correu a teu jeito.
“Nem por isso” sussurrei baixo, para que não pudesse ouvir.
-Mas conta-me lá, o que é feito da Maria? – Questionava Pedro. Não estava com muita vontade para conversas mas a verdade é que estava a desanuviar a minha cabeça e estado de espírito. Agarrei no caffe Americano e comecei a beber, devagar.
-A minha vida? Nada de interessante, mas a tua parece-me ser mais. Conta-me, como vai o Pedro?
-O Pedro… Bem, o Pedro foi para a universidade e teve um primeiro ano difícil. O meu colega de quarto era um machão autêntico então queria só que estivesse com outras raparigas. A minha transformação em Pedro “cobarde” para Pedro “Machão” foi feita em poucos meses. Ele obrigava-me a correr, saltar à corda, ir para o ginásio, comer saladas… Bem, tudo para que eu fosse bem sucedido. A verdade é que, ao fim de um ano, eu já tinha roubado o titulo de garanhão a ele, na universidade de Coimbra.
-Foste para Coimbra? Sempre seguiste o teu sonho.
-Sim, claro… Mais ou menos. O meu sonho era igual ao teu, medicina mas teve umas pequenas alterações.
-Como assim?
-Eu inscrevi-me no curso mas só entrei no Porto. Gosto do espírito académico lá mas eu queria mesmo Coimbra. Ainda frequentei a universidade mas andava tão chateado por não ser em Coimbra que decidi alterar o meu destino. Fui para Engenharia Biomédica.
-Calma… Tanta dedicação na escola para depois desistires?
-Não desisti. Acredita, foi o melhor que fiz. Gostei muito mais de Engenharia Biomédica do que medicina. É diferente.
-Estou a ver. Então senhor Engenheiro, onde está empregado?
-Estou numa empresa farmacêutica que tem a sede na América. Faço a vida entre lá, e cá mas como sou o representante deles cá, passo mais tempo em Portugal.
-Muito bem senhor “Machão”.
-Por incrível que pareça, esses tempos terminaram.
-Encontraste a tua princesa?
-Não, ainda não. A minha princesa foi sempre a mesma e o destino às vezes brinca connosco, sabes?
-E se não sei… - A situação de David surgia na minha cabeça. A chuva continuava a cair, bem forte.
-Soube que tiveste cancro.
-E eu soube que me enviavas flores, pela tua irmã.
-Desculpa, nunca tive coragem para te ir visitar.
-Não tens que pedir desculpa. É normal. Estava doente e nós pouco nos falávamos.
-Sim, claro. – Senti uma pequena diferença no seu tom de voz.
-Mas vamos parar de falar disto, já chega de tristezas. O que passou, passou!
-Concordo totalmente. Mas já agora, por falar em destino… Sabes o que aconteceu ao João?
-Ao Pais?
-Sim.
-Não… Nunca mais falei com ninguém, quase. Apenas os mais próximos. Mas o que aconteceu?
-Engordou… Cem quilos…
Não me contive e tive que rir. “Cá se fazem, cá se pagam”, já diziam.
-Ora uma bela lição de vida. Nunca mais irá chamar gordo a ninguém.
-Aposto que não! – No meio da conversa, que foi interrompida pela senhora empregada no Starbucks a suplicar que saíssemos de lá para fechar a loja, Pedro convenceu-me a ir um pouco até ao Bairro Alto. Da última vez não correu muito bem, será que à segunda ia correr?

**

Acordei, mal disposta. Abria os olhos muito lentamente mas a ressaca destruía-me. Dor de barriga, cabeça, costas, até de dentes sentia. “Não devia ter bebido tanto”, pensei. Não conhecia a casa e quando finalmente me apercebi, estava nua embrulhada em lençóis. Tinha pânico em olhar para o lado, podia não gostar de quem estava lá.
          Quando finalmente tive coragem, virei-me levemente e lá estava… Não o meu pesadelo, mas naquele momento estar na cama de Pedro com ele mesmo também não era o meu sonho. Levantei-me de levezinho, sem fazer barulho algum. Pedro estava ferrado no sono. Agarrei nas minhas coisas e fui à procura de uma casa de banho para me despachar.
A casa de Pedro era luxuosa. Uma vivenda grande e bonita. Quando sai do quarto, havia um pequeno corredor que dava para as escadas. Desci, degrau a degrau, tentando não fazer barulho. Ao mesmo tempo, via os sinais de destruição que tínhamos deixado. Vasos, molduras, jarras… tudo no chão. Umas não se partiram, outras já não se pode dizer o mesmo. Tentava recordar-me do que se tinha passado, mas nada. Que coisa. Deveria ter bebido imenso para não me conseguir lembrar de nada. No meio daquela confusão, encontrei a cozinha. Havia chocolate por toda a cozinha, taças sujas, colheres com chocolate mas o estranho é que não havia bolo. Parti então para a sala. A sala tinha um grande sofá creme, um grande televisor e as não tinha paredes para a rua, apenas vidro o que dava um ar mais moderno e bonito. Reparei que em cima de um dos móveis encostados à parede estava um prato com bocadinhos de bolo. Sempre havia. Estava com um pouco de fome, então dei uma dentada. Tinham um sabor esquisito mas não deixava de ser bom.
-Tu queres mesmo festa não é? – dizia Pedro, enquanto descia as escadas.
-Como assim?
-Não te lembras? O “Bolo de Chocolate Especial”?
-Não me lembro de nada. Especial porquê?
Pedro mostrou-me então um saquinho de plástico vazio. Comecei assimilar as coisas e percebi então porque Pedro tinha chamado ao bolo de especial. Ri-me do facto de parecer uma adolescente outra vez, e bolas… Soube bem. Continuei a comer o bolinho e Pedro agarrou-me por trás. Levemente beijou-me no pescoço. Deixei-me levar por tudo aquilo e entreguei-me em seus braços mas ele afastou-me.
-Maria… Eu não sou o David. – Com os braços ele virou-me e pude encara-lo – A conversa no Starbucks, sobre a mulher da minha vida… Tu és a mulher da minha vida, pelo menos até hoje. Mas tu amas o David e eu não sou o David.
Não compreendi o que Pedro estava a dizer, não compreendia a conversa.
-O que queres dizer com isso?
-Quero dizer que te adoro, mais do que qualquer outra mulher e vou fazer de tudo para te conquistar. Mas até lá, até tu te esqueceres do David, nada vai acontecer.
Ele foi-se embora a encontro da cozinha enquanto eu fiquei na sala. Toda aquela conversa tinha-me deixado confusa, sem saber o que fazer. Pedro tinha-se declarado a mim e eu… Tal como ele disse, continuava apaixonada por David, que ia ser pai de uma mulher que apenas estava interessada no seu dinheiro.
-Queres alguma coisa para comer?


Peço desculpa mas nem tive tempo para voltar a ler. Qualquer erro, as minhas desculpas. Beijinhos, Cat!

sábado, 6 de agosto de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

I'm trying...

Leitoras, minhas queridas leitoras... Tenho que vos informar que postar será difícil nos próximos tempos. Tenho exame agora (2ª fase) que vai ser importantíssimo para o meu futuro. Espero que compreendam... (para além disso, estou de férias e agora há tantas festas, concertos, festivais, praia e futuramente uma ida ao Algarve... complica um pouco as coisas)
Beijinhos, Cat *


(sorry, my best is an idiot ahah)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Chuva...



-Olá… David.
-Maria… Você está bem?
Há minha frente estava David, o homem mais perfeito que eu alguma vez já tinha conhecido, o homem que eu amava. Aquele olhar meigo, os lábios rosa, as olheiras que ele costumava ter, os caracóis loiros. Continuava tudo igual, tudo como eu costumava ver todos os dias. Fiquei um pouco sem reacção ao vê-lo e acho que ele também. Ficamos ali apenas a olhar um para o outro. Sabia que ainda o amava mas também sabia que ele era feliz, com outra. A voz de Matilde e Rúben ao telemóvel fez-me despertar.
-Estou óptima. Desculpa, estava cheia de pressa. - conseguia-se ouvir as vozes de Matilde e Rúben que vinham do meu telemóvel - É a Matilde e o Rúben, sabes como é... – Voltei a colocar o telemóvel ao ouvido. Ele continuava à minha frente.
“Isso é a voz do David pá! Que se passa aí? Hey!!”. Conseguia ouvir a voz de Rúben aos berros no telemóvel.
-Rúben, Matilde, eu já vos ligo. Até já. – desliguei o telemóvel. Fiquei a olhar para ele. Por mais que quisesse não conseguia desligar o meu olhar do dele, o momento era tão intenso. – Então, voltaste…
-Sim, voltei. Sentia falta do Benfica, é o meu clube e eu estou muito agradecido por tudo aquilo que me deram aqui… Você sabe.
-Sei, claro que sei. Bem, eu tenho que voltar a trabalhar.
-Claro, claro. Eu tenho que ir falar com o Sr. Henrique.
-Então, adeus…
-Adeus, Maria. – voltei ao meu caminho e senti o telemóvel a tremer. David permanecia no mesmo sitio.
-Sim?
“O eu se passou aí?” – Percebi pelo som que o telemóvel dava, que estava em altifalante.
-Fui contra o David, tivemos uma conversa estúpida e cada um voltou ao seu caminho.
“Fogo e não o convidaste para tomar um café?”
-Rúben, ele tem namorada e…
“Amigos não existem? Eu já fui tomar cafés contigo antes! Não quer dizer que nós tivéssemos um caso! Maria Duarte volta atrás e convida-o para sair”
“O Rúben tem razão, é um café! Não vai acontecer nada de mal. Convida-o Maria!”
-Não vou nada fazer isso.
Maria, já!” – Rúben estava irritado até e percebia que não iria parar de me chatear até eu convidar o David para um café.
-David? – Para ser sincera, até eu queria estar com o David. Ele virou-se e olhou para mim, enquanto eu encaminhava-me para perto dele. – Tu… Ah… Queres ir tomar um café? Não sei, agora, depois, ou quando poderes. Se calhar até não queres não é? Pois também pensei que podias não querer, é melhor…
-Sim. Daqui a quinze minutos, pode ser? – David sorriu-me, era como se o meu dia tivesse iluminado o meu dia.
-Claro, eu estou lá em baixo à tua espera então. – Voltei as costas e coloquei o telemóvel outra vez no ouvido. – Rúben Amorim, Matilde dos Santos, ele aceitou. Ó meu Deus, o que vou fazer!! O que fui fazer!
 “Ele aceitou? Eu disse!! Eu disse!” – Do outro lada da linha, Matilde e Rúben festejavam.
-Rúben… Eu não…
“Tu vais tomar um café com ele. Tens que ficar pelo menos amiga dele, explicar-lhe tudo e pedir-lhe desculpas.”
-Mas…
“Mas nada! É melhor ter a amizade dele do eu nada, não achas?”
“O Rúben tem razão… Faz isso, pelo menos pela vossa amizade.”
-E é tudo o que eu quero dele. Vou desligar, tenho que ir andado.
Boa sorte, Maria!” – Ambos torciam que a saída com David desse bem.
         Mentalizei-me. Era só um café entre amigos, nada mais. Perdi-me em pensamentos que torturavam a minha cabeça. Tinha tomado aquela decisão impulsivamente, não a queria tomar. Sabia que naqueles minutos em que estaríamos à conversa, eu ia sentir uma angústia constante. Um aperto no coração tão grande, capaz de me deixar sem reacção, sem palavras. Senti um toque no ombro, virei-me para trás e lá estava ele.
-David, se tu não quiseres…
-Vamos tomar o café ou não? Você paga! – Arrepiei-me com as palavras de David. Eram falsas, não tinham sentimento algum e sabia que ele estava pronto para me julgar.
-Claro.
Pedi-lhe para irmos a um sitio tranquilo, foi então que David se lembrou dos “Carvalhos”, um café perto da antiga casa dele onde íamos tomar o pequeno-almoço várias vezes.
-Maria e David, juntos de novo! Sempre disse que era para casamento! – Disso o senhor José, dono do estabelecimento. Eu corei, cabisbaixa e com os olhos vermelhos, quase a chorar. “juntos de novo”, ouvi as palavras que quase me destruíram por dentro.
-Não senhor José, nada disso. Amigos apenas. Não deu certo, somos pessoas diferentes mas bons amigos.
-Ah, claro rapaz. Então o que vão querer?
-Para mim um sumo de laranja e um mil-folhas. E você Maria, que vai querer? – Recompus-me e olhei para cima com um sorriso na cara.
-Um café com adoçante, se faz favor. – David olhou para mim e sorriu para o lado. Sentia algum cinismo da parte dele. Agarramos nas nossas coisas e sentamo-nos numa mesa refugiada a um canto. Permanecemos calados, enquanto eu bebia o meu café e David se deliciava com um mil-folhas. Mas por pouco tempo.
-Estás mais magra.
-Não estou.
-Agora só bebe café. Vai-me dizer que também fuma?
-Viste aqui para me julgar?
-Então sempre fuma.
-É claro que não! Quem é que pensas que sou!?
-Não sei, não a conheço. Nunca a conheci.
-Como podes dizer isso? – Não senti nada, não sei porquê. Não senti dor, não senti raiva, nada. – Eu não tenho que ouvir isto. – Levantei-me da minha cadeira e preparava-me para sair até que David fez a pergunta. A pergunta que não queria explicar.
-Porque é que você se foi embora? Porque me deixou?
Respirei, virei-me para trás e voltei a sentar-me no mesmo lugar onde estava constantemente a ser julgada. Porquê? Porque amava aquele homem e queria passar com ele todos os segundos que pudesse. Não o queria esquecer, sabia que tinha de explicar a razão que se sobrepôs ao nosso amor.
-Porque precisava de viver David, sentir-me viva. Precisava de ter poder. Não queria ser a namorada do David. Queria ser a Maria Duarte. Eu tinha que ir…
-É essa a sua explicação? Rescindiu de mim, do nosso amor, por causa de poder?
-Sim David, foi essa a razão. – Tentava fazer-me de forte mas ao mesmo tempo que o fazia, os pensamentos que me ocorriam pertenciam a David. Quando o seu toque era meu, os seus lábios tocavam nos meus e quando nos transformávamos num só. – Não quis perder o meu sonho. – Fiz uma leve pausa, queria explicar-lhe tudo de forma esclarecedora e calma. – Era muita pressão, David. Tu tinhas um sonho David, ser jogador de futebol. Agora, imagina que algo te impedia de o concretizar? O que fazias?
-Lutava! Foi isso que eu fiz!
-Mas no meu caso é diferente! Eu não sou como tu! Sou mais fraca, mais …
-Não! Não é! Você é forte, corajosa… Foi por isso que eu me apaixonei por você!
-Eu sei mas… Eu desisti! Eu desisti de ti, de mim e principalmente de nós. Eu não queria, porque eu amava-te. Eu amava-te tanto David… E no final desisti. Pensei que não pudesse ter as duas coisas e acabei por desistir daquela que me deixava mais feliz. Desculpa… Eu sei que nunca me vais perdoar mas…
-Pensei que desse um pouco de luta, sabe? Que agora, quando nos encontramos outra vez, que você viesse para lutar, para ficarmos juntos, para… Para constituirmos família. Mas tudo o que você me diz é “Me desculpe, eu te amava”. E agora não? Não?!
-É óbvio que eu continuo a amar-te, eu amo-te. És a pessoa que mais amo no mundo.
-Perdeste-me. – Senti uma revolta dentro de mim, já sabia o que ia acontecer. Ia ser radical.
-O que posso fazer para te ter de volta David? Diz-me! O que posso fazer?
Ficamos ambos em silêncio. David não olhava nos meus olhos e eu, tentava acalmar-me apertando as mãos. Finalmente, David levantou-se.
-Eu vou ser pai. Ela está grávida. Não há nada o que possas fazer.
E foi-se embora. Assim mesmo, sem dizer mais uma palavra. Fiquei estática, as mãos já não se mexiam e sem querer, senti uma lágrima a escorrer-me pela cara. Não sabia o que se passava naquele momento. Parecia uma espécie de transe que estava envolvida. Não me mexia, nem conseguia. As lágrimas caiam e inspirava o ar de forma violenta e irregular. Quando a última imagem cercou a minha cabeça, respirei mais uma vez, desta vez bem forte e esperei que alguém me tirasse a vida, me tirasse o poder, o sucesso, o dinheiro. Mas nada. Afinal, já não tinha vida. David, esse homem que um dia tinha entregado o meu coração, levou-o. Já não era ninguém. Apenas mais um corpo humano no mundo, como tantos que havia. Não tinha objectivo de vida, não tinha amor, não tinha sentimentos.
Sai do café, olhei para o meu carro novo, o que me valia? O que me valia um carro novo, se não tinha ninguém para transportar? Se nem o GPS naquele momento me conseguia guiar? Fui a pé para casa, era perto. Naquele momento, perto ou longe nada me importava. 
Estava a ficar tarde, ainda não tinha almoçado. Só tinha um café no estômago. Na verdade, já tinha estado em casa mas não tive coragem para entrar. Voltei a dar uma volta, entrei no metro e estava na Baixa. Por incrível que parecesse, o dia que tinha começado radiante, estava agora enublado. Um vento aparecia e tornava o meu cabelo rebelde, mas também não queria saber, nada me importava. Andava pelas ruas de Lisboa com os phones nos ouvidos, tentando parecer normal. Rúben, Matilde e Tiago já me tinham ligado mas tinha sempre ignorado as chamadas. Pensei que não pudesse piorar, mas piorou. Em pleno Junho, começou a chover em Lisboa mas aconteceu algo extraordinário. Pela primeira vez, senti-me bem. Estava no Terreiro do Paço, olhei para cima e senti a chuva a cair. Primeiro eram poucas pingas mas passado pouco tempo, uma valente carga de água caiu sobre mim. Era como se leva-se as minhas mágoas consigo.
-És doida? Sai da chuva!
Ele agarrou-me e levou-me para baixo do arco da Rua Augusta.
-Por favor, larga-me. Queres dinheiro? Leva tudo. Telemóvel, carteira… Tudo. – Voltei para a chuva mas ele insistia. Queria-me ali. – Larga-me! Estas-me a magoar. O que queres de mim?!
-Moça! Fica aqui! Tem calma!
Olhei para ele. Tinha um sorriso perfeito.
-Quem és tu?
-Eu sou o Pedro. E tu?-Eu o quê?-O teu nome.
-Maria.
-Maria, por favor, podes sair da chuva?
-O que queres de mim?
-Quero-te aqui.





Peço desculpa pela demora. Este capítulo estava a demorar. Espero que gostem :)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Muito obrigada!



"Boa noite autora do blog Maria, eu amo-te:                 

Talvez não seja uma boa altura, seja fora de horas, até nem é dia útil e os correios estão encerrados. Mas, felizmente, estamos na era da tecnologia e como se costuma dizer á distância de um click.
Nos últimos tempos tenho sofrido de um problema, cujo nome desconheço, que me leva a ficar num estado de pasmo depois e durante a leitura da tua história. Chego a ficar incrédula não só pelo rumo da narrativa mas também, e sobretudo, pela forma como transmites o enredo. Gostava mesmo de entender como é que tens a capacidade de utilizar exemplos super caricatos da vida comum para explicar um determinado sentimento da personagem? Como é que, no último capítulo que li, foste buscar o Chico para mostrar o quanto ela estava deprimida? É fantástico, quem diz o Chico, diz a mãe, o pai, o irmão… Unindo a um toque irónico, torna a história um assombro para todas as outras.
É certo que leio poucas, mas duvido que exista melhor história do que a tua. Considero-te o Obikwelu das fanfic’s, rápida e eficaz. Gosto como movimentas o espaço e o tempo. Não gosto que tenhas as minhas ideias do que eu. Gosto que ela não goste do Chelsea. Não gosto de como desvalorizas o Benfica. Gosto que não seja tudo perfeito. Não gosto de muita gósmia e tu não pões  J
O meu problema é mesmo no fim, quando espantada pelo que acabo de ler penso em comentar e nada sai. Como diria o poeta “as palavras estão gastas” e facilmente desisto. Apesar de saber que é importante o acto de juntar umas palavras de forma a mostrar o agrado por tal passagem para quem a escreve. 
Desejo sinceramente que tenhas as orelhas bem vermelhas , pelos elogios que reservo á tua arte. E já agora que saibas que sinto inveja pelo teu talento. Espero que tenhas 20 a Português.
E olha, boa vida, boa imaginação, boa escrita… Muito sucesso!
Mariana (alguém que até gosta do teu trabalho)
P.S: Desculpa o abuso, mas devido a um motivo que não conheço, não consigo deixar comentários e senti necessidade de elogiar a tua história, optando assim pelo e-mail."

Depois de ler este comentário senti-me tão pequena. Faço isto por diversão. Não porque tenho a necessidade. Apenas porque sim. Nunca quis incomodar ninguém e peço imensa desculpa se o fiz. E peço desculpa às pessoas que lêem a minha fanfic. Peço desculpa porque vocês merecem mais, e mais, e mais. Queria-vos dar uma história mais elaborada, com mais sentimento, com mais emoção mas não consigo. Não tenho o talento de muitas pessoas, nem tempo e muito menos paciência para estar duas horas a escrever intensamente. No final, recebo comentários como o da Mariana e só consigo pensar "Bolas, porque não posso ser realmente boa a escrever para agradecer a todas estas palavras? Para justificar todas estas frases?".
Não sou perfeita, tenho montes de defeitos. Não sou uma menina grande, sou uma criança. Mas hoje, compreendo que nada é perfeito e que poucas coisas são para sempre. Tento transmitir isso na história mas que por mais feias que as coisas estejam, há sempre uma luzinha para nos ajudar, seja um amor, amigo ou um familiar.
Mais uma vez, peço desculpa se às vezes digo "Deixem a vossa opinião, o vosso comentário". Não necessito disso, nem quero que se sintam obrigadas a fazê-lo mas se eu pudesse, era em vocês, minhas leitoras que punha o comentário ou até um gosto à moda do facebook.
Obrigada por tudo, muito obrigada Mariana, não tenho palavras para te agradecer e obrigada as minhas outras leitoras.
PS: Mariana, peço desculpa se não querias que publicasse a tua mensagem. Mas esta mensagem é tipo "a minha menina de olhos verdes". Muito, muito, muito obrigada.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Parabéns! - Parte II


(como eu ri quando vi esta imagem ahah)

-Tens que me contar porque tomas-te aquela decisão repentina! – Rúben tentava repreender-me, eu sabia que tinha de contar-lhe todos os meus motivos e razões.
-Rúben… Eu estou bêbeda, exausta e quase a viver um pesadelo. Não queiras que eu te conte isto agora.
-Não. Quero que me contes isto agora! Já chega de mentiras. Bolas! O David andava que nem um perdido! Não sabes como o deixaste!
-E eu!? Achas que foi fácil? Eu tomei a decisão, eu não sofri só por mim como também por ele! Ou achas que eu nunca o amei? Ou que ainda não amo!? Diz-me!! Achas que ele foi o único a sentir alguma coisa naquela relação?!
-Não, não acho isso. E baixa o tom de voz, ninguém precisa de saber do que estamos a falar. – Olhei em redor para ver se ninguém estava a olhar. Rúben tinha razão, ninguém precisava de saber do que estávamos a falar.
-Eu segui o meu sonho Rúben, ninguém me pode acusar de nada. O David também lutou pelo seu sonho, porque não podia lutar pelo meu?
-Ninguém está a dizer…
-Shiúú. Ninguém está a dizer mas todos estão a pensar. Desde pequena ouvia a minha mãe a contar todos os cêntimos que havia, a contar-me que não podíamos ter férias porque não havia dinheiro. O meu natal era feito com a família e apenas com uma prenda para cada um e já achávamos uma grande sorte. Tínhamos o privilégio de ter uma prenda. Num Natal, fiquei responsável pela prenda do meu pai. A única coisa que lhe dei foi um beijo e um recado – fiz uma pequena pausa e respirei fundo - “Daqui a uns anos vou ter dinheiro para te comprar uma prenda a sério”. O que eu mais queria era dar essa prenda ao meu pai e nem sabes o quanto radiante fiquei quando há dois anos a trás pude fazer a restauração do apartamento dos meus pais e mudar-lhes tudo. Eles mereciam aquilo, mais do que ninguém. Tu deves saber disso, a tua história não é diferente da minha. A verdade é que se pudesse voltar atrás mudava tanta coisa. Acho que já não tinha coragem para rescindir da única coisa que estava segura na minha vida, o David. Mas fiz e sabes uma coisa? Não me arrependo. Aprendi tantas coisas neste trajecto. As pessoas deste mundo onde vivemos podem ser falsas e dissimuladas. Tive que aprender a comportar-me como elas para ganhar o meu espaço mas sem nunca perder a verdadeira Maria. A Maria que gosta de festas, que gosta de se divertir, que ama os amigos e a família e essencialmente, que ama o David. Ele está feliz agora, tem namorada e tudo parece estar encaminhado. Espero que corra tudo bem com ele, que seja muito feliz e eu sei que vai ser. Vai ter uns cinco filhos e ajudar outros mais aos quais ele não se vai importar de chamar de “filho”. É isso que faz dele uma pessoa tão especial, a sua humildade.
         Rúben permaneceu em silêncio a ouvir-me, acho que ainda era uma bêbeda responsável ou então daquelas pessoas que até fala da economia Finlandesa enquanto está bêbeda.
-Vais comer a última bifana?
-Não, não vou.
-Óptimo. Estou com uma fome. – Rúben preparava-se para agarrar nos molhos.
-Ouve lá, isso não te deixava enjoado?
-Quando se está comer, deixa tudo menos enjoado.

**

Fiquei a dormir na casa do Rúben e da Matilde. Sabia que não estava em condições de conduzir, muito menos de aparecer em casa dos meus pais alcoolicamente alegre. Já tinha vinte e nove anos, idade para ter juízo.


**

“Continuas achar que a Maria mudou? Está quentinha e a comer bifanas cheias de molhos. Para muitas mulheres seria o drama da vida delas… Ela diz que vai correr amanhã para queimar.”

Rúben, enquanto Maria explicava porque tinha ido embora, mandava a foto de Maria a comer a bifana cheia de molhos.

“Sabe qual o maior defeito dessa mulher? Ser linda…”

**

-Maria… Maria… - Matilde tentava acordar-me com leves abanões mas eu queria dormir, a ressaca pesa.
-Achas que isso vai resultar? Queres ver como ela vai acordar? – Ouvi os passos de Rúben mas pouco me importei, aconcheguei-me outra vez na colcha para dormir mais um pouco. – Acorda labrega! Acorda!! – Gritava Rúben, ao mesmo tempo que batia com duas panelas, uma na outra.
-Aí Rúben! Pára! Estás a gozar!!
-Filmaste?!
-E se não filmei amor! Está aqui! Lindo!
-Eu não acredito que vocês filmaram isso! – Tentei que levantar-me mas doía-me as costas e sentia a cabeça muito pesada. – Aí a minha cabeça… Que horror.
-Qualquer dia, quando precisar de um favor teu, eu juro que utilizo este vídeo!
-Até parece que necessitas do vídeo, Matilde!
-Não, mas assim sinto-me mais confiante. Que horas são? Eu preciso de ir trabalhar…
-São, dez e um quarto.
-O quê?! Eu entrei à quinze minutos! Aí meu Deus! – Levantei-me rapidamente mas que num dia normal seria a um ritmo lento até. – Eu não acredito que vou trabalhar a cheirar a álcool! Eu vou ter que tomar banho. – Olhei para trás, Rúben e Matilde olhavam para mim. Fiz um beicinho e juntei as mãos como se fosse rezar. – Por favor, deixam-me tomar um banhinho? – dizia enquanto fazia olhinhos e voz de bebé. É claro que não resistiram. Matilde até me emprestou roupa. Quando finalmente sai da casa de Matilde eram dez horas e cinquenta minutos. Fiquei impressionada com a minha rapidez. A casa de Matilde, era próxima do centro de estágio mas um pouco longe do estádio. Um pouco… Bem, tinha que dar a volta a quase toda a Lisboa. Cheguei ao estádio perto das onze e quarenta e cinco, mesmo às onze horas o transito em Lisboa era terrível.
-Bom dia… Desculpa esqueci-me do teu nome, podes-me dizer outra vez?
-Joana. Joana Maurício.
-Peço imensa desculpa. Eu aqui não devia de ter um assistente?
-Eu sou a assistente.
-Pensava que eras a recepcionista. – Talvez a ressaca tivesse-me afectar ainda mais do que esperava.
-Faço um pouco dos dois.
-Ah… Multi-funções. – Joana olhou para mim, com cara de quem não gostou da brincadeira nem um bocadinho. Podia estar com a ressaca mas uma coisa era certa, estava alegre. – Desculpa.
-Estão à tua espera.
-Mais uma reunião? Aqui vocês não param?
-É sobre…
-Deixa-me adivinhar! David Luiz!
-Não… É sobre o Hugo Sobreiro.
-Hugo quem? – Definitivamente, não estava bem. Na última noite devia de ter lido os relatórios sobre os jogadores que o Benfica estava interessado.
-Sobreiro, Sra. Maria.
-Joana... Posso-te chamar Joana? – Ela confirmou – Chama-me de Maria. És mais velha que eu pá! Onde é a sala?
-A mesma da outra vez.
-Claro… - Fiz uma breve pausa e fiquei no meu sitio. Joana olhava para mim. Tentei fazer com que ela percebesse que eu me tinha esquecido da sala. Finalmente ela bufou, entendi que ia dizer onde era a sala.
-É a terceira à esquerda.
-Obrigada, és uma querida. Vai-me buscar dois cappucinos, está bem?
-Dois?
-Sim. Um para mim e outro para ti, ou vais ficar a olhar para o meu? Vai, despacha-te!
Corri um pouco para a sala, lá encontrei as mesmas pessoas da outra vez.
-Bom dia, peço imensa desculpa pelo atraso mas o filho do meu irmão sentiu-se doente e eu tive que o levar ao Hospital. – Que Deus me perdoe e que eles acreditem nesta mentira.
-Bom dia, Maria. Não se preocupe, veja lá se não quer voltar para perto do seu sobrinho.
-Quem? – Tinha-me esquecido totalmente que o futuro filho do meu irmão era meu sobrinho. – Ah, o José. Peço imensa desculpa, eu hoje irei trabalhar a 50%. O José, o meu sobrinho, passou a noite a vomitar e ainda por cima eu estava encarregado dele. Ao que parece mais dois miúdos da escolinha dele também estiveram assim, bem… Sanidade das escolas em Portugal, nas últimas não é? Tal e qual como o nosso estado mas passando a negócios… Bom dia, deves ser o Rúben Sobreiro.
-Hugo.
-Hugo Sobreiro... Volto a pedir imensas desculpas. – Que inferno de dia, hoje nada me ia correr bem, definitivamente. O Sr. Henrique, o director desportivo, entregou-me um relatório onde dizia as informações. Sentei-me na minha cadeira, Joana chegou com o meu cappucino, abri o relatório e saltou-me à vista o preço pelo jogador. Eu, que já estava a beber o cappucino, senti o liquido até a sair pelo nariz. – Pósha pá! Deves ser o próximo Cristiano Ronaldo! Treze Milhões de Euros!? De onde é que tu vens? – Jorge Mendes, o empresário do rapaz que também era o de David tentava não se rir com uma mão a tapar a boca.
-Sra. Maria – disse o presidente. Devia vir desculpa. – O Hugo é um jovem promissor.
-Um jovem?! Tem vinte e cinco anos! Mais quatro e está como eu!
-Por favor, Maria, se não entende de futebol…
-Posso não entender de futebol mas entendo de finanças e segundo as minhas contas não há dinheiro para pagar este jogador sem vender o nosso melhor! – Nesta altura, o melhor jogador era o defesa central Roderick Miranda. Entendi rapidamente o plano. – Não! Não, não e não! Não se vai vender o Roderick, nem se vai comprar este rapaz! Peço imensa desculpa mas este negócio não vai para a frente. Boa sorte no teu futuro mas nem pensar! De onde vens? – O rapaz meio intimidado respondeu tão baixo que nem pude ouvir. – Onde?
-Sporting.
-Ah! Era o que mais faltava dar treze milhões aos lagartos por este aqui! Nem pensar! Jamais! Nem que fosse o Figo 2! – Levantei-me com a minha caneca da cappucino e preparava-me para sair da sala. – Meus senhores… - Lembrei-me de subíto do Rúben. – Para além disso, o Rúben Amorim é o capitão desta equipa e será na próxima época. Joana, prepara os papéis de renovação.
-Mas quem é que a menina pensa que é!?
-Maria Duarte, prazer. – respondi ao presidente visivelmente irritado.
-A menina não me desafie!
-Oiça – agora irritada estava eu. – Eu vim de Cleveland, um dos melhores clubes da NBA para o Benfica. Fiz um contrato de cinco anos. Se quiser pode-me despedir neste preciso momento mas para isso terá de pagar-me cinco milhões de euros. Decida-se. Se eu não quero contratar este jogador não o vamos contratar. O Benfica tem possibilidades de ser uma óptima equipa de futebol mas não pode vender os melhores jogadores. Era tudo, uma óptima tarde.
-Eu gosto dela. Tem raça, nota-se que é Benfiquista! – dizia o Sr. Augusto.
-Olha eu cá acho que cometemos um grande erro em contrata-la. – completava o presidente.
-A rapariga tem dupla personalidade? – Jorge incrédulo com o que se tinha passado, parecia perdido mas não tanto como eu estava naquele momento.

**
-Estou morta. Acabei de gritar com o presidente do Benfica.
“Estás a brincar? Fizeste o quê? Ó Rúben, vem cá ouvir esta!”
-
Não estou nada a brincar. Achas que eu brinco com isto?
“Que se passa? – ouvia o Rúben a dizer. – A Maria gritou com o presidente vê lá! Mas, porque gritaste com ele?”
-Eles queriam comprar um Hugo Sobreiro de vinte e cinco anos do Sporting! Por treze milhões! Eu passei-me! E ainda disse que íamos renovar com o Rúben Amorim! A ver se não!
“Epá, o Hugo Sobreiro? Esse gajo é tão fraquinho. Treze milhões? Só te digo uma coisa «Avé Maria!».
-
Amén! Bem, mas ficou tudo resolvido. A ver se não me chateiam mais com o Hugo… Hey! Não olhas para a frente!? Vê lá se não queres levar-me à frente.. - Tinham-me acabado de "atropelar" no meio dos corredores da SAD. O mundo estava perdido, todos concentrados na sua vidinha que já nem olhavam para a frente - Opá… Está complicado isto hoje…
- “Maria? Maria? Maria, estás bem?!”

  
Deixo-vos uma música incrível dos Radiohead, umas das melhores bandas do mundo. Beijinhos e espero que tenham gostado. Lá para amanhã ou depois edito a parte 3. Obrigada por todos os comentários!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Que mázinha que sou!


Ora bem, o capítulo está pronto mas só amanhã o irei postar. Até lá ficam aqui com um cheirinho de como irá ser.
Ah, para animar as coisas, a partir de agora todos os capítulos irão incluir uma música. Desta vez calhou a uma das minhas bandas favoritas. Conseguem adivinhar quem são? Uma pista, o nome da banda começa com R!
Boa sorte e beijinhos!

Parabéns! - Parte I


-Bom dia, Maria.
-Bom dia mãe.
-Sabes que dia é hoje?
-É o dia em que estou um ano mais velha…
-Pois minha filha, parabéns! Como as coisas são… Há uns anos eras tão pequenina, tão reguila. Andavas só a brincar pela casa mais o teu irmão e agora… A tua mão já é maior do que a minha.
-Mãe, não vais começar a chorar pois não?
-Não, é claro que não!
-Ah, ainda bem… Eu tenho que me despachar, tratar dos papéis da casa.
-Mas vens comer cá a casa?
-Não sei mãe. Mas hoje à noite há jantar fora, quero festejar bem os meus anos.
-Então, filha, e o bolo?
-Eu compro, não te preocupes. Relaxa mãe, é só um jantar.

Vinte e nove anos, apercebi-me que estava a ficar realmente velha. O meu telemóvel não parava. Mensagens escritas em inglês, em português e já tinha recebido uma em francês à qual não entendi nada.
Tentava não me lembrar do que se tinha passado ontem, mas não dava. A imagem de David entrava nos meus pensamentos sem pedir licença.

**

Tinha escolhido um restaurante perto da nossa zona, a “Isabelinha” tinha fechado e a casa, vendida. O negócio estava cada vez pior segundo a mãe de Matilde e preferia vender e ficar com algum dinheiro do que criar dívidas.
-Maria! Parabéns! Estás tão linda! – Estava vestida com um simples vestido cor de salmão. Era o meu aniversário, nada demais. 

-Obrigada Matilde. Como estás Rúben? Há tanto tempo que não te via.
-Estou óptimo, como não haveria de estar. – dizia ao mesmo tempo que abraçava Matilde. - Digo-te o mesmo! Como vais?
-Tudo perfeito, cada vez mais velha mas pronto…
-Não digas isso que eu sou dois anos mais velho que tu!
-Trinta e um, não é?
-Daqui a uns mesinhos, mas ainda é trinta!
-Vê lá é se te casas, já está na altura não achas Rúben?
-Diz isso à tua amiga. Este feitio é complicado… “Casar? Então e isso implicaria experimentar vários vestidos de noiva? Convidar montes de pessoas? Passar um dia cheia de dores de pés?”. – Rúben tentava imitar a voz de Matilde e as suas queixas persistentes. Não é que Matilde não pensasse em casar mas também não pensava em fazê-lo tão cedo. – Mas um dia vou conseguir demove-la.
-Acho que já estiveste mais longe. – Sai perto do casal maravilha e fui ter com Vera e o seu namorado (não me perguntem como é possível). Ela mais uma vez estava maravilhosa. Vestido sem alças branca e uma pochete clássica preta. Simples, mas elegante.
-Sempre linda de morrer. Acho que te saiu a sorte grande. – disse ao rapaz. Ele era lindo, um metro e oitenta à vontade, cabelo encaracolado e preto. Os olhos dele notavam-se ao longe por serem claros e pela sua pele ser morena.
-Tu sabes como é, eu sou a femme fatale.
-Completamente. – Embora Deus tenha dotado o rapaz com boniteza não o tinha dotado com uma qualidade que Vera adorava, inteligência. Percebi que aquilo não era um namoro dito “normal” mas sabia que nem valia a pena perder tempo com perguntas. Vera não era uma pessoa normal.
O meu pai estava reunido com a família num canto da sala a falar com a Dona Isabel e a Dona Ana (mãe do Rúben). Impressionante como elas se tinham dado tão bem, logo desde do inicio. Depois de falar a toda a gente, sentamo-nos todos à volta de uma mesa não me grande.
-Isto ao menos correu bem para teu lado, nunca pensei estar a comer neste restaurante com um grupo tão grande! Melhor, nunca pensei estar a comer neste restaurante! – disse Tiago, sempre na galhofa. A primeira coisa que pensei foi mesmo “O dinheiro não trás felicidade”. Acabei por reflectir no que ia dizer.
-Com algum esforço tudo se consegue.
-Então, mas conta aqui à gente como foi a vida em Cleveland… - Perguntava Rúben. A verdade é que nunca falei muito disso, nem mesmo à Matilde. Apenas dizia que era gestora de uma grande empresa e que a vida estava a correr bem.
-A vida em Cleveland é muito diferente daqui. Eu acordava às cinco da manhã para ir correr, às sete saia de casa para ir trabalhar e as três estava despachada.
-Ora isso é que é vida maninha! Tempo para ir correr, sair às três…
-Sim, mas lá a vida é diferente. Raramente almoçava. Comia sempre o dito brunch americano que é uma junção do pequeno-almoço com o almoço e jantava sempre as cinco da tarde, logo é diferente.
-Então mas trabalhavas onde?
-Cleveland Cavaliers. – Um súbito “Hã” invadiu aquela mesa de jantar.
-Filha, o pai não vê muito disso mas… Não é uma equipa de Basquetebol Norte Americano da Liga Norte América de Basquetebol? – Achei graça à maneira como o meu pai colocou todas as palavrinhas para descrever o meu local de trabalho.
-Sim pai, é isso mesmo.
-Ok, estou espantado maninha. Estou espantado.

**
No final do jantar e depois de uma longa conversa sobre a minha vida em Cleveland, a minha família despediu-se ficando só no grupo os mais novos. Prometi a Tiago que lhe arranjava uma camisola do Lebron James, que tinha voltado a Cleveland. Já Rúben queria uma camisola dos Celtics. "Não me importo de quem seja. Desde que tenha as assinaturas e a camisola, tudo bem!"
-Bem, e onde vamos sair?!
-Sair?
-Querida amiga, aproveita agora porque os próximos anos vão ser complicados. A época dos “30” não é fácil.
Nunca tinha entendido a diferença. Uma pessoa que tem 29 anos não é muito mais nova que uma pessoa que tem 30. Para quê tanto alarido? Talvez quando chegasse lá entendesse. Matilde continuava a discutir com Tiago sobre o sitio a ir enquanto Vera despedia-se de mim.
-Tem cuidado com o que fazes e com aquilo que contas. – Vera sabia bastante bem como era a minha vida em Cleveland. Parecidíssima com o que tinha contado mas à noite as companhias não era de gestores ou algo do género. Preferia jogadores de basquete.
-Ainda confio neles mas não tenho muito para contar.
Vera despediu-se enquanto o namorado olhava para nós confuso. Ou era burrinho de todo ou então nós conseguíamos falar muito bem em código.
-Então, vamos para onde afinal?
-Bairro Alto! – Gritaram os dois em conjunto.
-Então mas se vocês estão os dois de acordo porque raio é que ainda estão a discutir?
-Pergunta ao teu irmão!
-Pergunta à tua amiga!
-A burra sou eu, por ainda fazer esta pergunta idiota.
-Maria, eles foram sempre assim?
-Desde que aprenderam a falar… - Disse ao Rúben que se ria disfarçadamente.
         Acabamos por ir ao bairro alto e ficar num bar ao qual íamos em miúdos. Já sentia tantas saudades, fez-me recordar a minha juventude passada com o meu irmão e Matilde. Sempre foram os meus melhores amigos e mais que nunca sabia que nunca o iriam deixar de ser. Mas naquele momento o que eu não sabia é que outro grande amigo meu também estava a fazer das suas…

“Ela continua a mesma de sempre”

Rúben tinha passado a noite toda a mandar mensagens a David, a contar-lhe como tinha sido a minha vida em Cleveland, se mudei de atitudes… Sucintamente se estava uma mulher diferente. Uma mulher diferente àquela que David se tinha apaixonado.

“Não, ela está diferente. Ela não é a mesma pessoa. Não a reconheci quando estive com ela. Havia uma Maria diferente ali!”

“Vais-me dizer que sabes mais do que eu? Meu, ela está aqui à minha frente. A única coisa que mudou nela sabes o que foi? A idade! Ela continua a mesma só por dizer que coloca uma máscara para enfrentar os papões. Acredita, a Maria é a mesma de sempre. Frágil, bonita, inteligente… Mas desta vez, ela tem poder em certas decisões. De certa maneira está frágil e forte ao mesmo tempo.”

“Eu vi-a, eu olhei-a nos olhos meu irmão… Aquela não era a Maria. Mas eu não tenho culpa, nós seguimos em frente com as nossas vidas. Ela decidiu a carreira profissional e eu tive que encontrar outro alguém. Uma coisa é certa, ela já não me ama e eu o mesmo… Acabou. Foi o único «para sempre» na nossa relação”

“Queres que te conte uma coisa? É mentira todas as palavras que dizes. Tu ainda amas a Maria, mais do que tu pensas. Ela foi, é e será o amor da tua vida tal como tu és o dela.
Ela ontem, depois de ter assinado os papéis do teu regresso foi para a Caparica mas fez tudo menos divertir-se e apanhar banhos de sol.
Mano, vou ver se me divirto um pouco. Acredita em mim, ela não mudou.”

-Vá lá Rúben, sai desse sofá! Anda lá dançar!! Só se faz vinte e nove anos uma vez na vida!
-Maria, estás um pouco bêbeda, não estas?
-Um pouco? Não… Um bocado grande, talvez!
-O que andaste a beber?
-Então, tens que contar, está bem? – Rúben acenou com a cabeça. – Dois safari-cola, um gold strike, dois moscatéis e uma vodka redbull.
-Muito bem menina Maria, tu estás oficialmente bêbeda!
-Não tenho culpa. Sabes, aquele moreno que está ao balcão? Conheci-o quando tinha dezasseis anos. Ele naquela altura era lindo! Tinha dezoito anos! Nós namorávamos assim às escondidas porque… Porque sei lá! Éramos miúdos e não tínhamos nada na cabeça mas depois ele foi estudar para Aveiro… Agora reencontramo-nos e ele disse-me “Maria, tu fazes anos não é?”. Eu claro que fiquei toda contente por ele ainda se lembrar e disse-lhe que sim. Desde aí ele tem me oferecido as bebidas.
-Tens a noção que ele quer levar-te para a cama, não tens?
-Só se for para a dele porque neste momento não tenho casa!
-Tu não estás nada bem.
-Estou sim. Só preciso de uma bifana.
-Onde anda a Matilde?
-Foi buscar as bifanas.
-As bifanas? Eu não acredito… - Nesse momento, Matilde chega com um prato cheio de bifanas.
-Ora aqui estão elas. Tu vais comer duas!
-As que quiseres Mattie. Já tinha saudades das nossas saídas.
-E eu já tinha saudades das tuas bebedeiras. Onde anda o teu irmão?
-Ele foi-se embora. A Beatriz estava-se a sentir um pouco mal disposta. – respondeu Rúben.
-Ó que fofo! Estou a fazer de vela. – Embora estivesse bêbeda, recordava-me sempre do que fazia. Era como se fosse uma bêbeda ciente do que fazia.
-Matilde?! Matilde, ó meu Deus!
-Joana!! – Matilde encontrava pela segunda vez na noite uma amiga da faculdade. – Eu já venho, tenho mesmo que ir ali. Toma conta dela!
-Claro amor. – Eu continuava a encher a minha bifana cheia de mostarda. Rúben ria-se das minhas figuras. – Vais comer isso?
-Assim? Não. Passa-me a maionese e já agora o Ketchup. – E Rúben assim o fez, com uma cara um pouco enjoada. Senti um flash sobre mim. – Hey! – disse de boca cheia. Rúben tinha acabado de tirar uma foto das minhas pobres figuras.
-Amanhã vais-te rir disto.
-Não… Amanhã vou ter que queimar isto. Tantas calorias… O meu colesterol vai subir!
-És uma besta pá.
-Deixa estar, todos nós necessitamos destes momentos.
-Que momentos Maria? Tu tens noção do que fizeste?
Sabia o que me esperava agora. Chegara o momento de ter uma conversa sobre o meu passado, de enfrentar os meus medos e de desabafar um vez por todas, talvez com a mais inesperada das pessoas.