domingo, 23 de janeiro de 2011

Natal do Brasil


(Narração do David)

Gostou, não gostou. Iria ficar chateada pela prenda? Sabia como era Maria e aquilo podia deixar-lhe chateada. Não foi muito caro, ganho oitenta mil euros ao mês depois da recente renovação, ela não podia ficar chateada. Era uma pequena recordação de mim. O coração começou a ficar apertadinho para falar verdade. Precisava de falar com Maria mas já tinha andado todas as férias com o telemóvel na mão, não podia telefonar-lhe na noite de Natal. Tinha que ser mais tarde.
-Filho, vem, vamos jantar.
-Está bem pai, vou indo.
Já tinha saudades da vida no Brasil, do Terraço e da vista da casa da minha mãe. Se a Maria não tivesse aparecido na minha vida tenho a certeza que tudo seria mais complicado, possivelmente não teria vontade de voltar para Portugal. Só se fosse mesmo pelo Benfica e pelo ano estar correr tão bem. O nosso treinador tinha-se ligado a nós e de maneira fantástica, era sempre muito preocupado. Para além disso, o grupo estava muito unido. Já não sabíamos o que era perder há alguns jogos e isso ajudava imenso. Fui sentar-me na mesa que estava colocada cá fora, estava calor. Também sentia falta deste calor do Brasil, tinha que trazer a Maria cá, um dia.
A Ceia ia ser Peru, como era tradição no Brasil. Desde pequeno que era assim, sentávamo-nos à mesa e desfrutávamos do belo jantar. A família estava a crescer a cada ano que passava. Isabelle tinha trazido o marido, era um bom rapaz mas estareisempre de olho nele. Ele que nem pense em magoar a Belle, ela merece tudo de bom no mundo.
-Então Davi, ainda não me contaste para quem manda tanta mensagem.
-Eu? Belle, deve estar vendo mal.
-Por acaso também tenho reparado. – dizia o meu pai, não gostava de mentir ou ocultar nada a ele. – Para quem manda tanta mensagem?
-Deixa de ser assim pai, não é ninguém. São mensagens de Natal.
-Então e a sua namorada lá em Portugal?
-Não deu Belle.
-Aí meu filho, você está brincando?
-Não mãe. Ela só queria se aproveitar de mim. Não queria isso. O que eu quero é alguém que me ame pela pessoa que sou. Tenho a certeza que se falasse à Patrícia em “Acordo Nupcial” ela fugia em três tempos. Pelo menos assim eu acordei por mim.
-Estou tão feliz meu filho. Eu tentei te avisar.
-Eu sei mãe, peço desculpa por não ter ligado aos seus conselhos.
-E não há mesmo rapariga aí? – Perguntava-me outra vez o meu pai. Estava difícil.
-Não pai, não há nada.
-Nada mesmo?
-Pai, eu agora quero me concentrar no futebol. É o meu objectivo número 1, subir na carreira e ficar cada vez melhor.
-Já pensou em sair do Benfica?
-Não penso nisso. Eu adoro aquele clube pai. Os adeptos dão-me muito apoio e eu quero agradecer esse apoio e confiança que me têm dado. Não penso em sair.
-Meu filho, que orgulho eu tenho em si. Fez-se um homem o garoto, viu? – disse a minha mãe. Era a melhor mãe do mundo, sempre pronta a perceber, ajudar, a confiar. Era um anjo.
-Pois foi… - concordou Isabelle . Ela olhava para mim com cara de caso. Passava-se ali alguma coisa. No final do almoço fui brincar com o cadela, já sentia falta daquela feia. Belle veio ter comigo com dois copos de sumo na mão. Deu um para mim e encostou-se ao muro a beber o seu.
-Então maninho, vai contar para mim ou é preciso eu mandar você para dentro da piscina?
-Contar o quê? – Boa, já sabia que não me safava dali sem contar tudo à Belle.
-Quem é a moça que está a dar com você em doido?
-Moça? O que é isso… Que moça Belle?! Não existe ninguém!
-Aí não? Então para quem era aquelas mensagens todas?
-Conheço muitas pessoas Belle, tinha que desejar um Bom Natal a todos eles.
-David… Eu conheço você. Escusa de estar a mentir, conta para mim vai… E depressa antes que o pai se aperceba se não aí você vai ter que contar para todo o mundo.
-Você é chata Belle.
-Eu sei, mas você me adora por isso não há problema. Vai Davi, conta aí. Você vai mesmo para dentro da piscina moço!
-Pronto, eu conto para você. Mas promete… Não! Jura que não conta para ninguém!
-Mais que jurado meu irmão, olha aqui – fez um sinal com os dedos beijando-os – eu, Isabelle Marinho não vou contar a ninguém.
-Espero bem que não, se o pai sabe disto diz-me logo que estou a ser precipitado. Há uma moça sim. Ela é uma coisa de outro mundo sabe? Perfeita mesmo. Ela olha para mim como o David, não como o David Luiz. Ela fica chateada quando vamos jantar ou almoçar fora e sou eu a pagar a conta. Ela não gosta, fica mesmo irritada viu? Ela é muito independente e tem uma história de vida… Muito complicada.
-Complicada como David?
-Ela teve cancro da mama muito jovem, a sua sorte é que encontraram depressa o tumor e começaram logo com a Quimioterapia mas como ela uma moça atlética a Quimioterapia devastou com ela, chegou a ser mesmo internada durante muito tempo. Graças a Deus que ela agora está bem. Se você visse a força que ela tem. Você vai adorar conhecer ela.
-Pobre moça, e ela agora está bem de saúde?
-Sim, está. Mas o cancro pode voltar. O médico diz que, como foi encontrado muito depressa, há uma boa percentagem de nunca mais voltar mas há sempre aquela possibilidade de voltar.
-David, você tem a certeza no que se está a meter?
-Eu adoro aquela moça. Juro que adoro.
-Há quanto tempo conhece ela?
-Faz um mês.
-David… Não acha que é muito rápido.
-Não Belle, não é. Ela não quer nada. Só damos passeios e vamos jantar de vez em quando. Ela nem chegou a ir à minha casa Belle. E até mesmo nos passeios, ou são à noite para ninguém nos ver ou então são em sítios desertos, sem ninguém. No outro dia fomos à praia, estava um frio enorme mas ela quis ir porque não havia lá ninguém e podia estar comigo à vontade. Se você visse, apareceu um homem correndo no areal e ela puxou o meu capuz do casaco para me tapar a cara.
-Ela tem vergonha de você?
-Não Belle, nada disso. Ela acha que pode acontecer alguma coisa no meu trabalho, em relação ao clube e assim. Ela também não quer chamar atenção dos média. Eu acho que estou ficando muito apaixonado.
-David… Vai com calma viu?
-Sim Belle. Agora, não se esqueça do que jurou.
-Claro David. Mas não se esqueça dos meus conselhos, está bem?
Tinhamos jantado tarde e quando acabamos de comer já faltava pouco para a meia noite, como tinha estado a falar com a minha irmã já estava mesmo lá quase. A troca de prendas fez-se, comprei uma viagem de avião para a minha irmã e para o meu cunhado irem passar uns dias em Portugal, em estilo de Lua-de-mel mas com o pendura atrás. Ao meu pai ofereci umas botas da Timberland e à minha mãe um perfume.
-É delicioso meu filho, quem ajudou você a comprar este?
-Foi uma amiga minha de Portugal, mãe. Tem bom gosto, não tem?
-Óptimo gosto filho.
Os meus pais deram-me uma prenda especial, um quadro meu com uma foto grande minha, a jogar no Benfica, e quatro pequenas mais pessoais, com a família. A Belle e o Marido deram-me uma pulseira de prata muito bonita. Eram pequenas lembranças. Agora só faltava da prenda da Maria. Em Portugal já eram quase duas da manhã mas queria muito ligar a ela, queria saber o que ela tinha achado da minha prenda. Fui ao meu quarto procurar a prenda de Maria. Estava dentro de um saco pequeno. Abri e estava um perfume, One Million do Paco Rabane. Cheirei um pouco do perfume, era um estrondo. Ela de facto tinha mesmo jeito para perfumes mas o que me chamou mais atenção não foi o perfume mas o bilhete que estava dentro do saco. Comecei a ler o que lá estava escrito.

“Meu querido David, que tenhas um Feliz Natal com os teus pais e familiares. Não sabia o que te haveria de dar, escolhi o perfume pela tua ideia de quereres dar um perfume à tua mãe. Já agora, ela gostou do perfume? E do teu, gostaste? Mais cedo ou mais tarde vamos falar disto mas quando abrires a prenda já estarei a dormir por isso mandas-me uma mensagem com todas as informações. Quero saber tudo sobre o teu Natal. Agora a parte que verdadeiramente importa.
David, ao longo dos dias o meu carinho por ti tem crescido. Sinto-me bem quando estou contigo, feliz, realizada. Não queria acreditar no que estava acontecer, eu estava a ficar apaixonada muito rapidamente. Pensei estar frágil e confusa depois do final do relacionamento com Diogo mas hoje sei que é a ti quem eu quero. Não me importa se és jogador de futebol ou ensinas Matemática numa escola, não te vou amar pela profissão que tens ou pela quantidade de zeros que tens no teu banco, mas sim pela pessoa que és. É essa pessoa que eu adoro cada vez mais, e mais, e mais e mais. Passou um mês, um mês do dia em que tive a sorte de me cruzado contigo. Foste, sem dúvida alguma, a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. Eu… Eu adoro-te David e quero que isto esteja sempre presente na tua cabeça, quero que fixes isto. Eu estou contigo, agora, aqui, para sempre. Prometo-te nunca te magoar, quero ficar a teu lado. Sei que já te pedi desculpa, mas volto a pedir. Peço desculpas por todos os meus comportamentos impróprios. Espero que tenhas gostado, não tenho jeitinho nenhum para estas coisas mas como disseste, é apenas uma lembrança que eu quero que te recordes para sempre.
Adoro-te David.”

-É uma carta? – dizia a minha irmã que estava ao pé da porta a olhar.
-Sim, a Maria mandou-me. Quer ler?
-Me deixa?
-Claro tonta, sabe bem que conto tudo para você.
Belle começou a ler a carta, até que chegou ao fim. Acho que ela estava mais emocionada do que eu.
-David, quando for à Portugal, você vai-me apresentar essa Maria.
-Com todo o prazer, Belle, com todo o prazer...




Espero que tenham gostado meninas pois não sei fazer melhor :b
Queria só deixar um recadinho a todas autoras de Fanfic's, sejam sobre o David, Rúben, Javi ou outra pessoa. Não fiquem esmorecidas por falta de comentários ou pelas visitas estarem a descer. Todas escrevem bem. É verdade que algumas melhor do que outras mas há histórias simplesmente fascinantes e eu espero que continuem com esta Saga de desgraça, comédia, drama, amor e afecto.
Beijinhos, Catarina.

7 comentários:

  1. Como todos os outros capítulos, este está muito bom!

    Adoro a tua história e a tua forma de escrever!

    Parabéns e continua

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  2. Adorei :)

    Está lindo, amei a parte do bilhete +.+

    Fiquei "vidrada" nesta historia, é fantástica!

    Quero mais!

    Continua :)

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  3. Até eu me emocionei (a)

    Quero mais sim?

    Beijinho*

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  4. Olha cOmO sempre, magniifiicO..

    COntiinua..

    Bjnhos

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  5. Agora fiquei emocionada com a carta *.*

    Lindo,a Maria aos poucos mostra o que sente pelo David =D

    Continua Cat**
    Beijinhos^^

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  6. Cat, já hoje falei contigo e te disse o que achava da tua escrita... posso-te dizer mais uma vez que adoro, adoro a história, adoro a maneira como escreves e adoro o rumo que estás a dar à Maria... Consegues surpreender-me sempre, não tive oportunidade de comentar o cap anterior, mas digo com todas as letras, ADOREI... estou mesmo a ser sincera...

    Sei que ainda vamos ter mts surpresas e tenho a certeza que são boas...

    Continua a escrever, porque eu vou continuar a ler e comentar sempre que possível...

    Bjs

    Clara

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