domingo, 16 de janeiro de 2011

Jantar - Parte III

Ouvi uma voz vinda de fora da sala. Olhei para trás e vi Matilde e Zeca à porta.
-Ó Meu Deus! – disse, sai de cima de cima de David e embrulhei-me a um lençol. Ele deu uma cambalhota para trás e saiu pelo outro lado do sofá cama. O desespero era palavra de ordem. – O que é que vocês estão aqui a fazer?
-Moramos aqui, é normal que estejamos aqui. – Zeca já tinha ido para a cozinha, nem tinha dito nada mas conseguia ouvir os risos dele vindo da cozinha. Matilde tinha-se virado de costas para a sala. David apressava-se a vestir e eu a tentar encontrar a minha camisola.
-Onde é que puseste a minha camisola?
-Está aqui – estendia-me a sua mão. Nesse gesto caí em mim, estava nua em frente de um homem que tinha conhecido à pouco mais de duas semanas e se não tivesse aparecido a Matilde tínhamos feito sexo ali mesmo. Vesti-me rapidamente e procurei as minhas calças, essas ao menos estavam perto de mim. 
-Desculpa, eu vou-me embora. – disse David já vestido.
-Eu acho que é melhor. Mas... estás bem? - A minha preocupação sobre David... Porque é que a tinha?
-Dá para conduzir... – embora tudo o que aconteceu, não podia deixar que David fosse embora naquele estado. Matilde apercebeu-se da situação.
-David, ficas cá a descansar. Dormes no nosso quarto.
-Se é para ficar aqui eu durmo na sala.
-David, fazes o que a Matilde te disse? É melhor ser no nosso quarto. A Matilde fica no quarto do Zeca e eu fico aqui. Se a Matilde está a pedir deve ser porque tem razões.
-Sendo assim, pode me levar até lá?
-Sim, claro… - fui directa ao quarto de Matilde e David veio atrás de mim. – Ficas na minha cama, ok?
-Sim. Peço imensa desculpa, aproveitei-me de você.
-Não, não te aproveitas-te de mim. Não penses dessa maneira. Eu queria também, se eu não quisesse não tinha havido nada. – David aproximou-se de mim e colocou as suas mãos na minha face. – David, eu tenho um grande carinho por ti. És uma pessoa excepcional mas…
-Mas nada, deixa-me mostrar como eu sou verdadeiramente. Deixe-me conhecer você. Não pode acabar com uma coisa que nem sequer começou.
-O problema é que eu não sei se quero.
-Vamos lentamente, muito lentamente. Se for preciso eu espero por você.
-David, diz-me… O que viste de diferente em mim?
-Tudo. Você é diferente em todos os aspectos. Você olha para mim como o David não como o David Luiz. É sincera, é maravilhosa. É a mulher com que eu sempre sonhei… - pus um dedo em frente da boca de David, não queria ouvir mais nada. – Vê? É isto que eu não compreendo! Você pergunta, eu tento responder e você não quer ouvir. Porquê?!
-Não sei, tu… Eu… Eu não quero ouvir mais nada porque… - o meu coração parecia bater cada vez mais lentamente. – porque eu estou a ficar muito ligada a ti e eu prometi a mim mesma que não iria sofrer mais, por mais nenhum homem.
-Eu prometo não te magoar.
-Eu não quero.
-Por favor, me ouve, eu não te vou magoar. Prometo a você, mas dá-me uma oportunidade para te mostrar como sou. Você sabe o que diz no dicionário quando procuramos “amor”?
-Loucura que dói cada vez que algo corre mal?
-Não… . Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição.
-Como sabes isso tudo de cor?
-Sei porque é isso que eu sinto sobre você.
-David… Vê a baboseira que estás a dizer. Amor? Isto já foi longe demais…
Afastei-me de David, aquilo momento tinha sido algo inexplicável. Ele agarrou-me no braço e fez-me aproximar dele outra vez. Odiava quando ele me olhava nos olhos, fazia-me eriçar todos os cabelos dos braços.
-David, sabes uma coisa? Viver ainda é uma espécie de um intrincado romance estúpido com final em aberto mas para mim, o romance parou. Não quero ouvir mais essa palavra, ou pelo menos nos próximos meses.
-Eu espero.
-Tu não tens que esperar! Tu estás confuso. Toda a situação com a Patrícia deixou-te confuso.
-Estás-me a dizer que eu não sei o que estou a fazer?! Que eu não sei o que sinto?
-Estou a dizer que prefiro a minha hipótese que a tua. – Voltei afastar-me para lhe indicar a cama. – Ficas nesta, é a minha. O Zeca vai dormir nesta. Ficas bem?
-Não.
-David, por favor… Tenta pôr-te no meu lugar. Eu estou apaixonada pelo Diogo! – David cabisbaixo, mexeu no cabelo e franziu o nariz. Apercebi-me que tinha sido directa demais. – Desculpa, mas é a verdade. E como disseste, eu sou sincera.
-Não estou aqui a fazer nada, pois não?
-És meu amigo e ficamos “quentinhos”. É normal. Agora vais dormir aqui porque não gosto de pessoas alcoolizadas nas ruas.
-Você vai-me dizer que tudo o que se passou ali foi apenas porque estávamos bêbedos? Porque tínhamos bebido demais e isso fez com que o nosso comportamento se alterasse. É isso que você está tentando dizer?
-Aqueles momentos que tivemos ali, eu prefiro esquecer. – Tentei passar por ele e sair do quarto mas foi impossível, ele colocou-se à minha frente, não me deixando passar. – Posso?
-Não. Me diga, cara-a-cara, olhos-nos-olhos que não sentiu nada. Que foi apenas diversão…
Olhos esverdeados à minha frente, cabelo loiro encaracolado, pessoa com quem eu tinha uma ligação fantástica. O que podia dizer? Não ia mentir, não gostava de mentir mas parte de mim também não queria dizer a verdade. Tudo tinha mudado a partir do momento em que David me beijara. Sentia outro tipo de sentimentos por ele, não conseguia explicar. Os meus olhos permaneciam ligados aos dele. Ele voltava-me agarrar na cintura tal e qual como da outra vez.
-Diz-me a verdade. – dizia ele com a sua cara cada vez mais próxima da minha. Voltei a não conseguir resistir e desta vez fui eu que tomei a iniciativa. Coloquei as minhas mãos por trás do pescoço dele e beijei-o de forma intensa. Ele tentava acalmar-me com beijos mais voluptuosos. A verdade é que, não sabia o que se passava comigo. Apetecia-me ficar ali, ao lado dele e continuar-lhe a beijar daquela maneira. Aquele misto de prazer, desejo e de paixão deixava-me louca. Sexo, a questão era mesmo essa. Era bom, dava prazer e era um vício. Quando se fazia não havia ninguém que não gostasse. O facto de nos tornarmos num só, de vivermos o amor como uma só pessoa, valia a pena. Pela primeira vez não pensava em Diogo mas sim em David, era tudo o que me ocupava o pensamento. Sem mais nem menos, as brincadeiras sensuais com os lábios e com as línguas pararam. David afastou-se e olhou-me nos olhos.
-Minha pequenita, acho que tivemos uma lição hoje. Lentamente é melhor.
Mordisquei o meu lábio e coloquei as minhas mãos sobre o seu peito. Ele tinha razão, era melhor que tudo ocorre-se lentamente, sem pressas.
-Vou-me deitar… - disse, David acenou com a cabeça e beijou-me a testa. Não era bem este tipo de despedimento que queria mas…

5 comentários:

  1. Oh tiinham mesmO de ser interrOmpiidOs... mas mesmO assiim ameii, a HiistOriia esta cada vez melhOr.. =D

    COntiinua...

    BjnhOo

    ResponderEliminar
  2. é claro que não foi por estarem bebedos, opah estes dois: LINDO +.+

    Parabens linda, isto está a melhor a cada episodio!! Beijinhos :D

    ResponderEliminar
  3. Oh tinham mesmo de ser interrompidos, pá! :b
    Adoro a maneira como escreves, Catarina
    Fico à espera do próximo :)
    Beijinho ^.^

    ResponderEliminar
  4. Fantastico :D Já imagino o que isto vais dar..
    Bom trabalho :)

    ResponderEliminar