sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Jantar - parte I


“Ding-dong”
Fui até à porta, era David. Abri-lhe a porta e ele entrou como lhe era característico, com um sorriso na cara. 
-Olá Maria! – Cumprimentou-me e eu chamei-o para dentro de casa. Vinha com uma camisa e umas calças de ganga.
-Uau, se soubesse tinha-me arranjado também.
-Você está linda, como sempre. Não podia estar melhor. – Olhei para baixo, odiava que as pessoas me dissessem aquilo e odiava ainda mais ser o David a dizê-lo. Ele apercebeu-se do meu constrangimento. – Desculpa, não consegui evitar. – fez um pouco de silencio, para quebra-lo arranjei a desculpa do vinho.
-Sempre trouxeste um vinho!
-Sim, uma coisa não muito forte.
-Obrigada.
-E você, que fez para o jantar?
-Está no forno. Espero que gostes de rolo de carne.
-Feito por si, irei gostar com certeza.
-Há bocado não era bem assim que descrevias os meus cozinhados.
-Agora, com o cheirinho da comida é diferente.
-Pois claro…
Sentamo-nos na sala, a lareira estava acesa, David tinha-me ajudado acende-la. Eu ia ver o lombo de cinco em cinco minutos, não podia queimar enquanto David ficava com a televisão ligada a ver um filme que dava, Iron Man julgo eu. David tinha uma coisa muito boa, com ele, Diogo nunca vinha aos meus pensamentos. As nossas conversas eram naturais, não era preciso forçar o assunto. Quando a comida estava pronta, ele até me veio ajudar a pôr a mesa. Revendo agora, Diogo jamais me ajudaria a pôr a mesa. “Coisa de mulheres” dizia ele. Posta a mesa e o lombo retirado no forno começamos a comer. Decidi esperar para ouvir a opinião do David e só depois comer.
-Então, o que achas-te?
-Está muito bom! Você é muito boa cozinheira!
-Obrigada David, não estás a mentir pois não?
-Você disse que eu minto muito mal, acha que estou a mentir?
-Não sei… Espero que não!
-Não ia mentir a você…
-Porquê não?
-Porque… Olha, o que leva no meio? É doce?
-Doce de ameixa. Até dá um sabor bom, não dá?
Apercebi-me que David tentava fugir à minha pergunta mas também não queria forçar. A conversa continuou, David saboreava o lombo e não comeu pouco por sinal. O vinho foi acabando ao pouco e pouco até que acabou. Já não bebia a alguns tempos logo tinha ficado quentinha. David, estava animado. O jantar já tinha acabado e agora vinha a sobremesa, coisa que eu tinha-me esquecido de comprar.
-Olha, aquilo não é a Bimby?
-Sim, a mãe  de Matilde comprou-lhe. Ela é uma péssima cozinheira.
-Isto não dá para fazer “Caipirinhas”?
-Mau, tu não me disseste uma vez que não podias beber?
-Hoje é diferente. Amanhã também só tenho treino de tarde!
-Sendo assim…
Levantamo-nos e fomos fazer capirinhas. Não fazia a mínima ideia que aquela maquineta dava para fazer tal coisa mas no livro de receitas lá estava as instruções “como fazer uma caipirinha” na Bimby. A nossa inexperiência veio logo ao de cima, a caipirinha saiu com açúcar a mais. Sentamo-nos no sofá a beber as caipirinhas açucaradas.
-Podes ser Brasileiro mas isto está horrível.
-Horrível? Nada disso! Veja só, se estivesse horrível eu não bebia tudo de uma vez! – David dá sete ou oito goles e bebe toda a bebida, ou seja, bebeu só Kaxaça.
-Estás doido? Ainda ficas bêbedo.
-Alguma vez?
-Para quem não está habituado a beber, de certeza que já estás quentinho.
-Eu tenho controlo em mim.
-David, vem comigo à varanda.
-Porquê?
-Vem apenas… Vou-te mostrar uma coisa.
Caminhamos até à Varanda. A caminho notei que as bochechas de David estavam rosadas, aquilo já estava mau. Também não podia dizer nada, as minhas estavam iguais. Sentei-me numa cadeira que lá estava e David sentou-se ao meu lado.
-Queres ver como eu tenho razão?
-Eu não estou quentinho, já disse a você.
-Aí é? – Ele acenou afirmativamente, cruzou os braços e olhou para cima em jeito de convencido. Aquela sua maneira fez-me sorrir, respirei e pus o meu plano em prática. – Olha ali um pássaro morto! – disse ao mesmo tempo que apontava para o céu.
-Onde? – David olhava para o céu muito atento à procura do pássaro morto. Não resisti e soltei uma gargalhada enorme, suficiente para quase me fazer cair da cadeira. – Que foi moça? – David parava de olhar para o céu e olhava para as minhas figuras. Eu continuava a rir que nem uma doida.
-Ó David, os pássaros mortos voam?!
-Ah, verdade. – David cruzou os braços e fez uma cara de chateado. Eu não consegui resistir. Voltei a rir-me. Tinha sido de facto muito engraçado. – Não goza comigo, viu?
-Sabes o que é que isto quer dizer?
-O quê?
-Que vais dormir aqui hoje. De castigo.
-Não vejo castigo nenhum nisso aí. – encostou a cabeça à cadeira e olhou para cima. – Onde vou dormir?
-Onde achas?
-Onde eu acho? Onde eu acho é muito diferente de onde eu quero. -  aquela conversa toda deixava-me um pouco incomodada, olhei para baixo e suspirei. – No sofá, eu sei… E obrigado. – David entendeu que não estava à vontade com a conversa. – Quanto tempo andou o Diogo?
-Hã? Não entendo…
-Você sabe, atrás de você…
-Se queres que te diga, já nem me lembro. Mas foi algum tempo e teve que sofrer muito.
-Gostava imenso de conhecer você. Nem sabe o quanto você cresceu em mim.
“Também tu David, também tu cresces-te imenso”. Pensava mas não conseguia dizer.
-Talvez o melhor seja tu desistires. Mereces melhor e tu sabes bem que somos diferentes. Não pertencemos ao mesmo universo.
-Outra vez essa conversa? Tudo isso porque eu recebo mais do que você ao mês, porque eu apareço nas televisões, falam do meu nome nas rádios? Então e você?
-Eu o quê?
-Você? Você que não me deixa mostrar quem sou, que diz ser feliz mas não é, que passeia nas ruas com um sorriso mas que na sua cabeça só está um nome, Diogo e no seu coração… Que coração. Você não tem coração pois não?
Levantei-me e não tive nenhuma reacção se não abandonar aquele espaço. Ele não compreendia, eu não compreendia-o, ninguém se estava a entender naquela varanda. Também o facto de estar bêbeda e ele também podia fazer com que fosse sincera demais e eu não o queria ser, não hoje ali com ele. Fui até ao quarto de Matilde buscar lençóis e voltei para a sala. Abri o sofá para se transformar num sofá-cama e comecei a fazer a cama. David veio pouco depois.
-Desculpa, eu não queria dizer aquilo.
-Mas disseste.
-Eu estou bêbedo.
-Não significa que não digas certas verdades.
-Afinal é verdade! Porque não podia dizer?
-Não gosto de enfrentar a verdade.
David chegava-se à minha frente – uma pessoa que enfrentou o cancro, que saiu de casa jovem para viver o seu amor e inclusive, se chateou com o seu pai por causa desse amor e agora não é capaz de ouvir umas palavras vindas da minha boca porquê?
-Não sei, não sei! Não sou capaz de ouvir de ti, qual é o mal? Não consigo, dói-me! Satisfeito? Agora, ajuda-me a fazer cama…
David foi para o outro lado da cama e ajudo-me a faze-la, como lhe pedi. Em silêncio fizemos a cama. Voltei ao quarto de Matilde para ir buscar uma almofada para David. Quando voltei à sala, David estava sem camisa. Estremeci ao vê-lo assim.
-Sabes que não devias estar assim ao lado de uma mulher bêbeda.
-Aí não? Porquê?
-Os comportamentos de uma bêbeda são diferentes de uma pessoa sã.
David aproximava-se de mim, ele tinha um corpo perfeito, característico de um jogador de futebol, bem definidos...

Continua...

8 comentários:

  1. OHHH, querO maiis!! =D

    Esta muiitO bOm O capitulO!! =D

    BjnhOo

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  2. aiii acabas assim?

    quer-me matar a rapariga...
    adorei beijinho :D

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  3. Gosto tanto!

    agora é que se vão dizer as verdades... espero eu!

    Bjs
    continua!

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  4. Não acredito que acabas.te isto assim Catarina Sofia!!!!

    OMG isto está cada vez melhor! +.+

    Parabens minha linda, beijinhos

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  5. Que mázinha.... terminas assim o capítulo :S

    Adorei...

    Continua...

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  6. Maria Catarina tu deves querer matar me do coração!xD

    Acabasse um capitulo assim,ai jasus! :P

    Agora a sério,continua estou a adorar a história :)
    Beijinhos^^

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  7. Olá.

    Estou a gostar muito da fic .

    Continua (;

    ( Ps: És a catarina23 que deixou comentário no meu blog? )

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