domingo, 26 de dezembro de 2010

"Foram um sucesso!"

Entrei dentro de palco e olhei para o público. A sala estava cheia, não esperava tanta gente e na ponta da sala, lá estava o Rúben e o David mais a Matilde. Ela foi a primeira a acenar-me e a desejar-me sorte com os dedos. Acho que bloqueei e tive uns dez segundos parada a olhar, Zeca deu-me um empurrão e eu dirigi-me para o  microfone, agora sim podia dizer que estava nervosa. Como era um restaurante, quase todas as nossas músicas eram em acústico. Filipe que era o baterista tinha pouco trabalho esta noite, mas como sabia tocar piano, iria tocar algumas vezes lá. Comecei por agradecer a toda as pessoas que estavam lá, embora soubesse que só dez ou quinze pessoas que estavam presentes, foram lá por causa de nós. Sem mais rodeios, começamos a tocar.
A primeira música foi uma coisa muito levezinha, cantamos uma música dos Stone Sour, Through the glass (http://www.youtube.com/watch?v=SsZzPMW78Eg). As pessoas aplaudiram e isso deixou-me entusiasmada. Matilde, para não variar mandou um grito de apoio. Depois cantamos de The Reason dos Hoobastank (http://www.youtube.com/watch?v=ZADpco6Zn9I&feature=related) e cantamos uma versão suave de Perfect dos Simple Plan. Também cantamos dos Simple Plan a música Untitled (http://www.youtube.com/watch?v=csfidcd_4FQ&feature=related). Depois da ronda “Simple Plan” cantamos Behind Blue Eyes dos Limp Bizk (http://www.youtube.com/watch?v=uWGKghlbxqI&feature=related) e para acabar a primeira parte, “Decode” dos Paramore, mas em versão acústica (http://www.youtube.com/watch?v=vI0mwLaW1qc). As pessoas aplaudiram e alguns até de pé, olhei para David que era das pessoas que aplaudia de pé. Agradeci a todos e disse que ia haver um intervalo de dez minutos. A verdade é que estava cansada, algumas músicas tínhamos que dar muito de nós, muita voz no meu caso. Precisava de comer e beber alguma coisa. Fui à cozinha, lá já estava à minha espera Matilde.
-Maria! Foi maravilhoso! Tu tens uma voz incrível!
-Obrigada Matilde, nem foi muito mau pois não?
-Achas? Foi óptimo! Vocês até superam os “rolling Stones”.
-Não nos queres comparar com os “Guns N’ Roses” não?
-Não, eles tinham o Slash, o Zeca ainda não chegou ao nível do Slash.
-Gracinha da moça – respondia o Zeca, visivelmente feliz com o que já tínhamos tocado e com a reacção das pessoas.
-Viste quem estava lá fora?
-Sim vi, foste tu?
-Não, eu nunca mais falei com nenhum deles! Que grande surpresa não?
-Sim, foi. Não esperava.
-O David está todo babadinho…
-Hã?
-Queres ver que não viste?
-Ver o quê?
-Ele está maravilhado contigo Maria!
-Claro que está. Maravilhado comigo e mais um bocado, traumatizado contigo.
-Não sejas assim. Ele ainda não parou de te fazer elogios. E a Maria isto, e a Maria aquilo, e a Maria aqueloutro.
-Sim, sim, claro Matilde.
-Maria, despacha-te. Temos que ir!
-Bem Matilde, vou ter que ir. Dás beijinhos à nossa malta, por mim?
-Até ao David?
-Até ao David…
-Sendo assim, claro que dou! Beijinhos entregues!
-Até já.
-Boa sorte Maria!
Dei mais um golo na água e voltei para o palco. A diversão iria continuar. Pois, porque eu agora estava um pouco mais solta, já não sentia o nervosismo e até estava a gostar de cantar para todas as pessoas.
-Boa noite, espero que estejam a gostar da nossa banda. – ouvimos aplausos, assobios e gritos. Os gritos e assobios vindo lá de trás onde estava o nosso grupo – agora esta parte será mais calma e mais nacional. Para iniciarmos, vamos tocar runaway e depois passaremos para as músicas portuguesas. (http://www.youtube.com/watch?v=-QqArc12juQ)
Filipe começou a tocar piano, o inicio da música era assim, muito calmo. Era uma das minhas músicas favoritas, era calma e linda. Sentei-me em cima do piano, para dar um ar mais “Marylin Monroe”. Mais ou menos a meio da música, vi a pior imagem que me podia aparecer à frente, Diogo aparecia com a sua amante, à minha frente, no meio do concerto. Senti um aperto no meu coração, não era justo, ele não me podia fazer isto! Não hoje, não amanhã, não nunca. Não podia. Acho que a partir daquele momento entendi que ele nunca me amou, apenas me queria para o pai ficar satisfeito com o filho que tinha (o pai de Diogo sempre foi muito rígido e religioso, seguia as regras ao limite, saber que o filho tinha feito seria o fim de Diogo na empresa). Parei de cantar, não porque quisesse, mas porque não conseguia. Vi Diogo a sorrir, era isto que ele queria e não podia permitir. Filipe parou de tocar e Zeca ficou a olhar para mim. “Não, não vais levar a melhor de mim” pensei. Saltei do piano e dirigi-me a meio do palco, que era pequeno.
-Peço imensa desculpa mas, o meu ex-namorado chegou. Senhores e senhoras, aquele rapaz de blazer preto e camisa branca ali atrás é o meu ex-namorado, e a rapariga que o acompanha é a mulher com quem ele me traiu. – A reacção do público foi imediata, os olhares focaram-se em Diogo e na rapariga que estava com ele. Olhei para Zeca que olhava para mim de boca aberta, não estava à espera daquela minha reacção. Continuei a falar – Por isso, meu querido, esta música te dedico.
Virei-me para trás e pedi para tocarem “You ain’t woman enough” de Loretta Lynn, que já tínhamos tocado uma vez por graça nos ensaios. Ao cantar a música, quase todos acompanhavam com palmas e a meio da música, já não conseguia ver Diogo, já se tinha ido embora.
-Muito obrigada a todos, agora passaremos a músicas Portuguesas.
Cantamos cinco músicas e acabamos com o concerto. Agradecemos a todos os que estavam presentes e subimos para o primeiro piso, que era quase como um “backstage” para nós.
-Maria! Parabéns! Maravilhoso! Adorei a sério! Para quando o cd?
-Que graça Joel.
-A sério malta, vocês estão de parabéns! Muito bom mesmo! Superaram as minhas expectativas!
-Obrigada, muito obrigada por terem vindo – reparei em David que estava lá atrás juntamente com Rúben. Agradeci a todos e fui falar com eles.
-O que estão aqui a fazer?
-O David insistiu e nós não podíamos perder o primeiro concerto da futura melhor banda de Portugal.
Não quis comentar a parte do “O David insistiu” – Futura melhor banda? Rúben, não é isto que eu quero para a vida. Mas é bom saber que gostas-te.
-Eu sei quem adorou. – revirando os olhos para o David, em gesto de sinal.
-Cala-te Manz. Foi muito bom Maria, como você está?
-Vais-me perguntar isso sempre que te encontras comigo?
-Ele até te perguntava todos os dias, mas não tem o teu número. – novamente, ignorei Rúben – Bem, eu vou ter com a Matilde, ela está para me dar outro doce da casa.
-Vê se não engordas Rúben.
-Eu mantenho sempre a elegância Maria. – piscou o olho e afastou-se. David ficou a olhar para mim, havia alguma coisa naquele rapaz que me encantava.
-Um dia ainda faço um desenho teu.
-Meu? Porquê?
-És muito simétrico, quer dizer, de cara porque de cabelo… Cada caracol aponta para seu lado.
-Não seja assim para o meu cabelo.
-Desculpa, mas não gosto muito dele. Isso deve dar um trabalhão de manhã…
-Até não. É lavar e ir embora. Muito menos trabalho do que o seu.
-Eu quase que não tenho cabelo.
David sentiu-se incomodado, percebeu que não esteve bem. Depressa tentou aliviar o ambiente.
 -Não têm? Uma cabeleira tão grande como a minha!
-Nada disso, o teu cabelo esticado deve-te dar até à cintura. O meu cabelo só vai até aos ombros. Por acaso é uma coisa que tenho muitas saudades.
-Do seu cabelo?
-Sim, do meu longo cabelo castanho.
-Eu acho que agora está mais bonito. Claro e não muito grande, acho que está muito bonito.
-Eu também consigo ser muito simpática. Não queres comer um doce da casa?
-Claro que sim, a fome já aperta.
-Não comeste?
-Comi, mas já estou esfomeado. Sou um rapaz de muito comida.
-Estou a ver que sim. – Caminhamos os dois para a bancada central, onde a mãe de Matilde tinha colocado lá os doces. Dei-lhe o último doce da casa que havia na mesa.
-Não queres?
-Não obrigada.
-Devias comer alguma coisa.
-Sabes, quando era miúda costumava vir para aqui e o restaurante tem um terraço enorme. A vista não é boa porque só dá para o quarteirão, mas tem cadeiras e outras coisas, queres ir para lá?
-De certeza que não tem mal?
-Não, estou com uma dor de cabeça enorme e preciso de sair daqui. – Embora não fosse normal em cantores, tinha ficado com uma dor de cabeça enorme, da minha própria banda. Não é normal mas acontece. Afastei-me de David e subi as escadas que levavam para o terraço, David veio atrás de mim, mas um pouco afastado. Sentei-me numa das cadeiras e olhei em redor. Há muito tempo que já não estava ali. David sentou-se numa cadeira ao lado da minha e mostrou-me uma colher. Ambos sorrimos.
-Não era preciso David.
-Só descanso quando você comer. Vá, ou come comigo esta taça de doce ou então eu não como, viu?
-Ok, ok, o David manda. – Agarrei na colher e tirei um bocado de doce. David sorriu e repetiu o mesmo gesto que eu.
-Já viu a sua sorte…
-Que sorte?
-Não está muito frio, nem a chover e estamos em Dezembro.
-Sim, uma grande sorte.
-Fiquei admirado com o que você fez no concerto.
-Desculpa, eu não sou assim. Mas eu não podia deixar que ele ficasse a rir. Era isso mesmo que ele queria. Tinha que fazer alguma coisa e só me veio aquilo à cabeça.
-Vêm coisas muito estranhas à sua cabeça…
-Lembrei-me de um filme dos anos 70 ou 80. A rapariga que está no restaurante mais as amigas, viu o marido mais a amante. Ela sem mais nenhuma palavra levantou-se, dirigiu-se ao palco que existia no restaurante e disse tudo. Claro que depois ficou em apuros, uma mulher nos anos 70 num restaurante… Uí...
-Então e você, vai ficar em apuros?
-Eu acho que não. Não tenho medo dele.
-Melhor é você ficar com o meu número e se houver algum problema você me liga, que acha?
-O Rúben tem razão..
-Que foi?
-Tu queres mesmo que eu fique com o teu número.
David corou e tentou desculpar-se – Não, é mesmo só em caso de…
-Ah, então é pena. E eu a pensar que querias mesmo o meu número.
-E quero! – disse, não me contive e ri-me com toda a situação, David estava um pouco desesperado com aquela situação.
-Vês? Consigo envergonhar um jogador de futebol.
-Você acha mesmo?
-Acho pois, olha, eu não gosto muito de ficar com o teu número. Por isso, ficas antes com o meu, está bem?
-Não é a mesma coisa?
-Sim, mas podem pegar no meu telemóvel e roubar o teu número. Não quero isso.
-Por mim. – Ele entregou-me o seu número para escrever, reparei na sua foto principal, uma mulher morena com um sorriso fantástico – coloca aí o seu número.
-A tua namorada é bonita. - David, ao ouvir as minhas palavras desmanchou-se a rir. Fiquei sem saber o que pensar. – Que foi?
-Deus, ainda me deu um pouco de cabeça e eu não pratico incesto.
-É tua irmã? - Senti-me a corar, não queria acreditar que tinha dito aquilo.
-Sim, é.
-É linda. – Disse, tentando disfarçar. De facto era linda mas estava tão desesperada com aquela situação.
-Obrigada. Ela é a cara da minha mãe.
-Deve ser linda portanto…
-Muito. – Marquei o meu número rapidamente no telemóvel de David, estava a gelar embora não tivesse muito frio, sem dar por isso arrepiei-me. – Você tem frio? Não quer ir lá para dentro?
-Sim, é melhor, não quero apanhar uma constipação. – No momento em que nos levantamos, Rúben e Matilde abriram a porta do terraço, os dois divertidíssimos.
-Manz, que se passa? Porquê esse sorriso?
-Vínhamos à vossa procura, já estávamos a ficar preocupados. – Dizia Rúben ao mesmo tempo que mandava um sorrisinho para Matilde e uma leve cotovelada. 
-Eu disse que eles estavam aqui, estás-me a dever um gelado de Leite condensado.
-É… Isso não vale! Eu nem sabia que isto tinha terraço, se não tinha apostado aqui.
-Paciência meu amigo… Quando me pagas o gelado?
-Quando quiseres, basta ligares.
Desta vez, fui eu a dar um toque a David. – Que se passa com estes dois? É impressão minha…
-Não é impressão não. Isto até já houve trocas de números.
-Não me digas que as cartas se enganaram nas pessoas.
-Ao que parece…
-Vá, não digam asneiras. – refilava Rúben.
-Sim, não digam asneiras! As minhas cartas estão sempre certas. Vá, Dona Maria, vamos lá para baixo. Ainda apanhas alguma constipação aqui.
-Vou já andando. – Fomos todos lá para baixo, embora tivesse passado pouco tempo só 5 pessoas (entre elas os 3 restantes membros da banda) se encontravam lá em baixo. – Então? Já se foi toda a gente embora?
-Amanhã é dia de trabalho Maria.
-Eu sei Mateus, mas… Não me despedi de ninguém, nem ninguém veio se despedir de mim!
-Pois… Ninguém sabia onde tu estavas. – Dizia Filipe, que já estava meio a dormir. O pobre coitado tinha a banda, os estudos e ainda um trabalho. Era complicado ser estudante e trabalhar ao mesmo tempo, quanto mais estar numa banda…
-Bem, vamos embora?
-Sim, vamos. Mateus, queres vir comigo e com o Filipe? – perguntava Zeca.
-Sim, sim. As minhas irmãs podem vir connosco?
-Acho que sim, vocês as duas vêm connosco?
-Estando o carro cheio, não. Não se preocupem, nós vamos com a minha mãe. – respondia Matilde.
-Está bem. Então, encontramo-nos em casa. Adeus meninas – seguiram-se os habituais despedimentos. Ficamos os quatro sozinhos na sala, Matilde acabou o silêncio com uma tontice sua.
-Então e nós, ficamos por aqui ou vamos sair?





Obrigada a toda as minhas leitoras! Sem vocês nada disto era possível, muito, muito, obrigada! Beijinhos a todas*

6 comentários:

  1. adorei...

    quero mais...

    posta mais hoje, por favor...

    continua...

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  2. Olaa,

    GostO muiitO da tua fiic.. =D

    Contiinua..

    BjnhOo

    PS: Se algum diia tiiveres um tempiinhO passa na miinha (COmeceii hOje..)
    http://quandomenosseespera-diidii.blogspot.com/

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  3. minha catarina sofia♥
    o capitulo esta lindo, a fic está a ficar fantastica, ou não fosse escrita por ti!

    Parabens, quero MUITO mais.
    Beijão (quero outro ainda hoje!!)

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  4. finalmente consigo comentar. bem já te disse tudo pelo chat. tou a gostar muito da fic, e adorei este cap.tens mt jeito para escrever.
    ahh, adorei a escolha das musicas...

    continua

    Bjs

    Clara

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  5. Olha lá n quero q a noite acabe por aqui :P

    continua

    adoro

    bjs

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