terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"É o que faz fumar"

-Estou morta!
-Aí Matilde, que fraquinha. É o que faz fumar.
-Pshiú! Se a minha mãe te houve!
-Achas mesmo que ela não sabe?
-Não, obviamente que não!
-Ó Matilde… Sabes que às vezes consigo cheirar-te a 5 metros de distância, não sabes?
-Olha, cala-te! E vai atender aquela mesa.
-Matilde! Já viste quem está na mesa?!
-Maria!
-Matilde!
-Maria!
-São giros pósha!
-Maria!
-Hã?
-Olha para a porta!
-Aí, mas não era para ir aquela mesa? – virei-me para a porta e vi dois homens.
-Uau. 2 homens. Aqueles que estão ali são mais giros.
-Ó otária, são aqueles do Benfica!
-Quem?
-Sei lá, tu é que és a Benfiquista!
-Opá, aquilo são aqueles gajos, o Ruben e o David.
-Meu Deus, tanta raiva nas tuas palavras.
-Olha, um queria fixar mas não anda a jogar nada. O outro andou com aquela rapariga que me faz mal aos ouvidos.
-Quem?
 -A da casa dos segredos. A Vera. Meu Deus. Estraga-me os ouvidos!
-Já sei! Meu Deus… Sabes, quem mais bonito é, mais idiota é.
-Sendo assim tu és a pessoa mais idiota do mundo!
-Obrigada fofinha. Vais lá idiota?
-Queres que eu vá?
-Sim!
-Porquê?
-Os idiotas dão-se bem.
-Então devias ir lá tu.
-Vá, vai lá.
Dirigi-me para a porta onde estavam os dois jogadores da bola.
-Bom dia, são apenas dois?
-Não, três. – respondeu o rapaz de caracóis.
-Muito bem então, o que acham daquela mesa ali?
-Muito boa obrigado! – disse o Rúben. Encaminhei-os para a mesa. Retirei um dos pratos e fui buscar as entradas e a ementa.
-Hoje o prato do dia é Picanha com ananás e peixe-espada grelhado. Se quiserem a minha sincera opinião, a picanha está óptima!
-Então, eu quero uma picanha! E tu David, vais escolher o quê?
-Vou esperar pela Mariana.
-E ela vai demorar.
-Se calhar…
-Pronto, já percebi, trazes-me a picanha?
-Claro, e para beber?
-Uma coca-cola para mim. E tu feio? Vais esperar Mariana?
-Não, quero uma água.
-Ok…
Fui para o balcão onde estava Matilde.
-E que tal?
-Olha, o caracóis tem namorada.
-Aí sim?
-Sim. O Rúben é muito simpático mas o outro…
`-Bem, muito me contas. Que mais?
-Agora tenho que ir, traz-me uma picanha.
-Está bem, está bem!
                Peguei na água e na coca-cola e levei à mesa. A rapariga, alta, loira e branca de pele e olhos claros já tinha chegado. Olhou para mim de alto a baixo, odiava quando as pessoas faziam aquilo.
-Então, já estão todos?
-Sim, são duas picanhas.
-Picanha David? Isso engorda! Não! Quero uma salada! Há saladas aqui, não há?
-Sim, salada de frango, delícias do mar e atum julgo eu.
-Traga-me uma salada de atum.
-E para beber?
-Uma água.
-É para já.
                Voltei-me para trás e ouvi um comentário da rapariga que estava com eles. “Que esquisita não era? Tão pálida e com pouco cabelo. Que horror. Mas era magríssima! Viste!”. Não me controlei, odiava quando me julgavam!
-Fique já a saber que sou assim magra não porque quero mas porque houve alguma coisa que me deixou assim! Pálida e sem cabelo porque o tratamento me deixou assim! Mas não foi porque queria, porque o meu sonho não era ter 54 quilos com 1.75 de altura!
Todo o restaurante ficou a olhar para aquela cena, Matilde olhou para mim com os olhos arregalados. Só pensava na grande asneira que tinha feito.
-Desculpem… - virei-me e sai do restaurante, pedi desculpas à Matilde e saí a correr. Encostei-me à parede do prédio que estava ao lado do restaurante e caí. Estava farta de ouvir aqueles comentários.
-Hey, estás bem? – Era o Rúben. Coitado, não estava à espera da minha reacção.
-Desculpa mas… Não gostei daquele comentário.
-Eu sei, pensa positivo, tu não gostas-te de um comentário, eu não gosto dela. – sorri, a maneira como ele disse aquilo, meio tosca mas muito sincera… Achei graça.
-Desculpa lá qualquer coisa.
-Nada disso… Eu é que tenho que te pedir desculpa.
-Mais do que desculpado.
-Então, e qual foi o tratamento que te pôs assim?
-Quimioterapia. `Descobri que tinha cancro da mama à coisa de dois anos.
-Já estás melhor?
-Sim, já passou. Obrigada.
-De nada, desculpa lá outra vez…
Chegou David ao fim de pouco tempo.
-Desculpa qualquer coisinha, Ruben pode vir comigo?
-Que me passa meu?
-Bem, eu vou andando. – David parecia querer falar com Ruben em particular, o melhor era sair dali.
-Ok, até qualquer dia. Afinal de contas, ainda não comemos a deliciosa picanha.
-Pois não! Espero que voltem! – voltei para dentro do restaurante. Estava a rapariga que acompanhava eles os dois a pagar a contar e a resmungar.
-Viu? É sempre assim! São todos uns otários! Primeiro atiram-se e depois largam-nos. Mas este, aí este vai-se lixar! Ele que nem pense que se vai safar! Vou-me armar em Neireida e vai ver!  Vou contar tudo! A mim, ninguém me engana!
Não prestei atenção e continuei a andar, não queria voltar a falar com aquela amostra de gente. Voltei para dentro da cozinha para buscar os pratos.  O chefe estava a dar os toques finais nos pratos.
-Então, tu deves ser a Catarina.
-Sim, e você é o novo chefe?
-Exactamente, causas-te sensação ali fora!
-Eu? Apenas não gostei do comentário da rapariga. Só Deus me julgará.
-Sim, mas depois disso.
-Depois?
-Perdes-te a discussão do ano moça.
-Aí perdi? Pensava que eu estava nessa discussão…
-O jogador também não gostou do comportamento da betinha e ao que parece terminou tudo com ela.
-Sr…
-Francisco, mas toda a gente me trata por Chico.
-Sr. Chico, são jogadores de futebol e as suas miss’s. Chateiam-se mas depois voltam juntos.
-Não me parece que este seja o caso. Sabes que às vezes a beleza não compensa tudo.
-Mas ajuda imenso.
-Verdade…
-O que é para levar?
-Estes dois pratos para a mesa 9.
-É para já!
Levei os pratos para a mesa nove e fui arrumar a mesa dezasseis onde os outros se tinham sentado. O pobre do Rúben nem tinha bebido uma gota da coca-cola. Ao arrumar os pratos vi um telemóvel, devia ser de um deles.
-Matilde, olha aqui!
-O quê?
-Encontrei isto, o que faço?
-Pões aqui em cima do móvel e alguém virá busca-lo.
-Cuidado, estava na mesa dos jogadores de futebol.
-Então melhor é ligares para um deles.
-Eu?
-Sim, tu. Eu não quero que me venham acusar de ser ladra por isso, já que tens o telemóvel deve estar aí o número de algum deles.
-Volto a perguntar, porquê eu?
-Sabes como sou. Não gosto dessas coisas.
-Está bem, eu ligo. Fui à lista telefónica daquele telemóvel XPTO e procurei o nome de David ou Rúben. Por sorte, encontrei o do David. Fiquei a pensar, ligo, não ligo, ligo, não ligo…
-Estás à espera do quê?
-Aí, tem calma! – cliquei no botão de ligar.
“Sim? David?!”

4 comentários:

  1. Olha, voltas-te a escrever :D

    Pelo que li, vou adorar!!

    Continua

    Bjs

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  2. Uma nova fic.
    Estou a gostar do que li, adivinha-se uma boa história xD

    Continua...

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  3. Adoreii *.*
    A Matildeee sou eu não sou ? (A) ahah

    Eu adorava a outra, mas tenho a certeza que esta irá ser melhor *.*

    Continua Cat (L)

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  4. Gostei muito Catarina !
    Beijinhos e continua
    Anyaa

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