terça-feira, 28 de dezembro de 2010

"Mira só"


Coloquei o telemóvel em cima da mesinha de cabeceira e começamos a montar a cama. Ouvi o telemóvel a tremer mas estava do outro lado da cama e resolvi pedir a Tiago para me passar o telemóvel.
-Bicho, passa-me aí o telemóvel.
-Mensagem… De quem? – Tiago agarrou no telemóvel e começou a vasculhar. – David? Quem é o David? Eu não conheço nenhum David…
-Tiago! Nem penses em ler a mensagem!
-Ora bem, vamos ver o que aqui temos… - disse, ignorando as minhas palavras. – “De certeza? Posso ajudar… Então fica combinado para as nove e meia. Estava a pensar, conhece o bar… - saltei a cama e fui a correr atrás de Tiago, que já tinha ido para a sala e continuava a ler a mensagem – “Mira só”?! Que raio de bar é este? – comentava Tiago, o bar que David tinha escolhido. – “É muito bom. Quer que eu vá buscar você?” – Tiago ficou de olhos arregalados a ler ao ler o “você”. – Eee maninha! Há duas hipóteses, ou o gajo pensa que tu és uma doutora, ou é brasileiro. Como tu, nem no dia das mentiras ou no carnaval tens cara de doutora, é brasileiro! – Começava-me a irritar aquela xenofobia do meu irmão.
-E se for? Qual é o problema?
-Nenhum… Não sei é se o general vai gostar de saber. – Referindo-se ao nosso pai. – Continuando… “Beijo” e depois mandou uma carinha de um boneco a piscar o olho. Vai avançado isto.
Finalmente consegui retirar-lhe o telemóvel das mãos. – És tão idiota pá! Olha, fica sabendo que foi ele que me “salvou” de Diogo.
-Como assim, “salvou”? O Diogo tocou-te? – a irritação era visível no Tiago. Talvez fosse melhor não falar da conversa de Diogo no Isabelinha.
-Não, mas veio falar comigo. E o David estava lá.
-Mas quem é este David?
-Se tivesses ido ontem ao concerto…
-E! O Concerto! Esqueci-me totalmente! Desculpa!!
-Não faz mal, eu entendo.
-Se não entendesses, eu fazia com que entendesses.
-Como?
-Pendurava-te de cabeça para baixo.
-Que idiota… Vá, vamos montar o resto da cama.

*Amo-te Maria*

O dia passou depressa. Depois de almoçar com Tiago, fomos ter com Matilde para irmos comprar o colchão. Tiago tentava descobrir quem era o tal David mas Matilde não falava. “São coisas da tua irmã”, dizia. Uma coisa era certa, Matilde já sabia que ia sair com David. Quando chegássemos a casa, vinha o interrogatório de Matilde.
-Então, e a que horas vais?
-Às nove e meia.
-E ele vem-te buscar?
-Não, sei ir de táxi.
-E vão só vocês?
-Sim.
-E a que horas voltas?
-Nã… - não me deixou acabar a frase.
-Espera, deixa-me reformular a pergunta. Voltas a casa?
-Hã?
-Voltas para casa… Tu sabes, se dormes cá esta noite!
-Matilde… Controla-te!
-Tens tomado a pílula?
-MATILDE! – soltei um grito suficientemente forte para se ouvir na outra extremidade do apartamento. – Só amigos, lembras-te? Não queres que volte a falar de Coimbra pois não?
-Não… Mas posso-te ajudar a escolher a roupa?
-Já escolhi.
-Vais levar o quê?
-Umas calças de ganga castanhas e a minha camisa vermelha.
-Então e… Não queres ir mais arranjada?
-Não!
-Ok, ok… Então vai-te arranjar enquanto eu faço o jantar.
-Vais fazer o jantar? Ok, eu vou chamar o homem das pizzas.
-Ah-ah, gracinha…
Pisquei o olho e tentei-me despachar o mais rapidamente possível. Tínhamo-nos atrasado um pouco e já era oito e meia e não queria fazer o David esperar. Odiava chegar atrasada. Depois de estar arranjada, fui a cozinha. Matilde já tinha a comida pronto e era uma bela de uma pizza. Sempre era melhor do que um bicho mal assado ou assado demais. Quando acabei de comer, reparei nas horas. Nove e meia… “Merda”, pensei. Já estava atrasada. Fui a correr para a casa de banho para lavar os dentes e corri para fora de casa, sem sequer me despedir de Matilde. Tentei apanhar um táxi na praceta que existia à frente da casa de Matilde, mas por incrível que parecesse, não havia um táxi! Começava-me a irritar, ao fim de dez minutos lá apareceu um para me salvar a noite. Indiquei qual era o bar e o senhor taxista olhou para mim e perguntou “É do Brasil, a menina?”. Respondi-lhe que não e perguntei-lhe porquê a pergunta. Ele na sua maior das simpatias respondeu-me que era um bar frequentado por brasileiros e pelo próprio também (o taxista era do Brasil). Logo entendi o nome do bar “Mira só”… A viagem demorou um bocado mas eu adorava andar de táxi, era como ir ao psicólogo. Os taxistas não tinham medo de perguntar nada e eu, como adorava falar, contei-lhe um pouco de tudo. Era mais fácil falarmos com alguém que não conhecemos do que com alguém que conhecemos à muito tempo. Chegamos ao Bar em pouco mais de vinte minutos. Já estava mais do que atrasada, talvez David já nem estivesse no bar. Quando entrei lá, tentei procurar uma cabeça com muitos caracóis, nada. Nada de nada. Sentei-me numa mesa e pedi um café e uma garrafa de água. Com uma demora de 30 minutos era normal que já tivesse ido embora.
-Estúpida!
-Porquê? – David surgia nas minhas costas com um sorriso magnifico, como lhe era característico.
-Pensei que tivesses ido embora…
-Nada disso, estava só ali atrás a falar com uma amiga.
-Uma amiga?
-Sim, uma amiga. É ciúme isso moça?
-É sim, então deixas-me aqui para falar com uma amiga? Não acho isso bonito! – disse-lhe tentando ficar séria. David olhava para mim meio desesperado, como se quisesse dizer “Você é doida?! Onde eu me vim meter!” mas eu rapidamente me desfiz em gargalhadas para alivio de David.
-Você… Você me assustou!
-Não te preocupes. Eu é que estava preocupada que tivesses ido embora. Odeio chegar atrasada.
-Acontece, como o meu pai me diz “As mulheres chegam sempre atrasadas”.
-E tem razão. Mulher que é mulher chega atrasada, mas eu odeio chegar atrasada e são raras as ocasiões que chego….
-Gosto disso em si. Que quer beber?
-Já tenho um café…
-Não quer um cocktail ou uma caipirinha?
-David Luiz, estás a tentar embebedar-me?
-Não! De forma alguma! – Acho que fui demasiado convincente, David ficou novamente desesperado.
-Estou a brincar contigo… O que vais beber?
-Eu não posso beber álcool, por isso vou beber um cocktail de morango.
-Morango? Nesta época do ano?
-Sim, vêm do Brasil! – David ri-se e fiquei a olhar para ele. O rapaz era bonito, devia ser isso que deixava as raparigas malucas – vai beber um também?
-Sim, pode ser... – David levantou-se e foi à bancada pedir as bebidas. Quando menos esperava vejo duas caras conhecidas a entrar pelo bar. Não queria acreditar!


4 comentários:

  1. entao e acabas assim?? quem eram as caras conhecidas??

    gostei mt

    Bjs

    Clara

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  2. quero mais...

    quem serao as caras conhecidas?

    ocntinua...

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  3. Fantástico!Mas quem será?
    Posta rapidinho menina Catarina!

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  4. Quem será agora???

    Quero mais


    continua

    bjs

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