quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"Maria"


-Maria?
-Hã?
-Não, o nome da banda… Maria? Isso é idiota!
-Pois, eu também acho. Ficava muito melhor Zeca mas os rapazes queriam que fosse o meu nome.
-E desde quando é que tu cantas? – resmungava Matilde.
-Desde que me lembro.
-Maria…
-Até fica bem não achas? Já estou a imaginar a malta nos concertos a gritar pelo nosso nome “Maria! Maria! Maria!”
-Desculpa, mas porquê Maria?
-Então, segundo o Zeca porque Maria é uma figura cheio de força, como a banda.
-E já ensaias-te com eles?
-Hoje de manhã enquanto dormias.
-É sábado sabes? As pessoas aproveitam os sábados para descansar.
-Os Sábados existem para nós nos divertirmos.
-Continuo a concordar mais com a minha. Então e quando é que há concerto?
-Dia 4.
-Então, mas isso é já daqui a 5 dias!
-Eu sei! Estou tão nervosa! Eu não estou preparada!
-Estás sim! Já agora, desde quando é que tu cantas?
-Pois, nem isso eu sabia! Tens que ouvir ela a cantar! Que vozeirão! – elogiava-me Zeca.
-Deve estar para cair um anjo, só pode.
-E é da igreja Matilde! Ela canta mesmo bem! É algo de outro mundo!
-Vê lá Zeca, mais um bocado estás-me a comparar com o Freddie Mercury!
-Não vale a pena, ele comparado contigo desafinava por todos os lados.
-Bem, tenho que ir ver esse concerto. Entretanto… A minha mãe mandou-me uma mensagem.
-A tua mãe manda-te mensagens?
-Não, ela pede ao Chico para escrever.
-Estou a ver que o Chefe é multifunções.
-Maria… Ela quer que nós vamos ao restaurante comer.
-Ocasião especial?
-Não sei Zeca, coisas da minha mãe.
-Então, estás à espera do quê? Despacha-te e veste-te! Vamos comer fora! – gritava Zeca com Matilde ao mesmo tempo que a empurrava para dentro do quarto. Peguei no telemóvel, esperava ao menos umas vinte chamadas de Diogo a pedir desculpas e umas cinco mensagens. Nada. Nem um toking. Que desilusão. Há pessoas que dizem “Como é possível deixar de amar?”. Eu tenho uma pergunta diferente, “como é que é possível deixar de amar uma pessoa tão rapidamente e passar a odiá-la?”. Neste momento os únicos sentimentos que usufruía por Diogo era raiva, ódio, nojo e a cada segundo esses sentimentos aumentavam. Ao mesmo tempo, sentia falta daqueles momentos quando ele acordava para ir trabalhar de manhã e abraçava-me, dizia-me que era linda e sussurava-me ao ouvido “Maria, eu amo-te”. Os meus dias eram muito melhores quando ele dizia aquelas palavrinhas. Ou então, nos dias quando ele chegava a casa com um ramo de Camélias, as minhas flores favoritas. Aquele Diogo dava cabo de mim.
-Estás a pensar nele, não estás?
-Sim, não consigo deixar de pensar.
-Queres a minha opinião?
-Claro Zeca…
-Nunca mais voltes a falar com ele, a estar com ele, a falar dele. Nada. Ele só está a destruir a tua vida.
-Tentarei fazê-lo.
-Eu sei que é difícil, mas o tempo ajuda
Matilde, entrava de rompante e com toda a sua alegria e esplendor mostrava a sua roupa.
-Então, que acham?
-Estás bonita sim senhora. É para quem?
-Isso agora…
-Zeca, para quem é que a tua prima vai assim vestida?
-Perguntas a mim Maria? Ela já não me conta nada.
-Que mentiroso!
-Vá, isso agora não interessa. Daqui a 5 minutos vou descobrir, não é?
-E se não vais!
Matilde dirigiu-se para a porta enquanto eu e Zeca ficamos mais atrás. Olhamos um para o outro e ambos já sabíamos o que ia acontecer, Matilde ia rebentar uma bomba.

Restaurante “Isabelinha”:

Entramos no restaurante, cheio como sempre. Aos sábados a Dona Isabel tinha mais 2 empregados a servir às meses, desta vez a nossa ajuda não era precisa. Na sala do andar de cima (onde se realizava todos os almoços especiais ou em grupo), estava uma mesa para cinco pessoas, muito bem decorada. Fiquei encantada pois havia Camélias no centro da mesa, e mesmo que a flor me lembra-se de Diogo, não deixava de ser a minha favorita. Olhei para as cadeiras e para os pratos. Cinco pratos e cinco cadeiras, para quem seria? Comecei a pensar s pessoas que iriam. Eu, Zeca, Matilde, Dona Isabel… O chefe? Não é possível, se ela convidasse o chefe também vinham os outros empregados e aí, precisávamos de ter mesa para 8. Eu, Zeca, Matilde …
-Matilde! Quem são as outras duas pessoas?
-Bom dia! – dei um salto, não estava à espera de ouvir aquela voz pela manhã. Não podia acreditar no que estava a ver!
-Matilde… - disse baixinho, em jeito de desabafo. Ela sabia muito bem o que aquilo significava.
- Olá Rúben e David, ainda bem que aceitaram o convite.
-Só podíamos aceitar! Sabem, não provei o peixe-espada! E a sobremesa não me soube bem – brincava Rúben. – E aqui o David só descansava quando olha-se para a Maria outra vez e se assegura-se que ela estava bem. Amiga, agora tens que aturar o David, ele é mesmo assim.
-Obrigada, estou óptima. Este aqui é o Zeca, primo de Matilde.
-Oi Zeca. Maria, você tem a certeza que está bem? Parece um pouco em baixo… Está muito pálida.
-Eu sou assim, não te preocupes. O inverno também não ajuda nada.
-Bem, vamos ficar em pé, ou vamo-nos sentar?
Todos se sentaram, Matilde fez questão que eu fica-se ao lado de David. Só ela é que vi-a uma proximidade entre nós.
 
-Então, e o que vão comer? – perguntava Matilde, percebia-se muito bem que ela estava orgulhosa, restava saber do quê.
-Matilde, o que há para comer? Se calhar era o que devias dizer primeiro, é que sabes, não sou vidente… - resmungava Zeca.
-Chato. Então, há.. Bacalhau à Brás, Lombinhos de Porco preto com fruta, Dourada escalada e peixe espada. Acho que estes são os do dia.
-Eu quero Lombinhos.
-Eu quero o peixe espada, não comi ontem. E tu esquisito?
-Maria, aconselha alguma coisa para comer?
-Eu vou comer a Dourada Escalada, costuma ser muito boa.
-Então eu vou pedir uma também. Vou confiar em você.
-Vais adorar… Toda a gente gosta de dourada e ao sábado ao almoço sabe sempre bem um peixinho assado.
-Então, peixe-espada para o Rúben, Lombinhos para o Zeca, Bacalhau para mim e 2 Douradas para o David e a Maria!
Foi bem visível a diferença que Matilde fez entre “2 douradas” para um “peixe-espada”. Estava determinada a empurrar-me contra ele. Matilde saiu feliz da vida pois já tinha conseguido o que queria.
-O que foi aquilo? – perguntou Rúben.
-Nem querias saber.
-Vá agora você vai ter que contar. – Uma coisa que me encantava em David era os seus olhos. E quando ele fazia o favor de olhar nos meus olhos, quase que estremecia por todo o lado. Era um olhar tão profundo e estranho.
-Ela acredita em cartas de Tarot logo, diz que eu vou encontrar um amor em breve. Agora juntem as peças.
-Ela acha que esse amor é um de nós? – perguntava Rúben admirado.
-Sim, ela até já escolheu qual de vocês é. Ela é assim, não tem todos os parafusos.
A gargalhada foi geral, David olhou para a guitarra que Zeca tinha.
-Você toca?
-Toco sim, tenho uma banda e tudo.
-Aí sim, e como se chama a Banda?
-Maria.
-Por causa desta Maria?
-Ela é a vocalista.
-Você é a vocalista do grupo? Uí, tem que cantar uma musiquinha para nós então!
-Sou vocalista do grupo à 5 horas mais ou menos. Música? Não me parece.
-Dia 4 vamos dar um concerto. Se quiserem aparecer…
-Zeca! Não me fales mais nesse concerto!
-Concerto? Onde?
-Aqui mesmo. 
-Mas dia 4 nós temos jogo. – Resmungava Rúben. – Por isso podias cantar uma música para nós agora, que achas?
-Sim Maria! Canta uma música! Maria! Maria!
-Matilde, estavas melhor lá em baixo sabias?
-Eu até já sei qual é a música que vais cantar, lembras-te quando a tua mãe fazia as limpezas em casa e punha-se a cantar…
-“You ain’t woman enough”?
-Sim, ainda te lembras?
-Claro que sim! Ouvi tantas vezes essa música.
-Então vá, eu quero ouvir essa sua voz!
Zeca levantou-se e começou a tocar e eu tentei lembrar-me da música e lá comecei a cantar. Matilde agarrou em Rúben e começaram os dois a dançar, David ficou sentado e Rúben fez-lhe um jeito no cabelo para me ir buscar para dançar. David pegou na minha mão e começamos a dançar. Um bocadinho difícil, pois era complicado dançar e cantar ao mesmo tempo, ainda por cima esta música.

(Ruben e Matilde)

-Então, tu estás a querer juntar a Maria com o David…
-Já olhaste bem para eles os dois? Ficam tão queridos juntos.
-Às vezes ficarem queridos não chega.
-Não é só queridos, os olhares que eles trocam.
-Sabes que o David não vai nessa pois não?
-Não te preocupes, a Maria muito menos.
-Então, porquê isto?
-Não sei, algo me diz que há ali qualquer coisa.
-Queres um conselho?
-Já sei, “vai buscar uma cadeira e espera sentada porque isto vai demorar”.
-Como sabias?
-Não sei, intuição feminina.
-Estou a ver.

David e Maria:

Maria cantava e olhava para David, ele sorria e olhava Maria nos olhos. Nenhum deles sabia bem o que se estava a passar, mas sentiam o mesmo, uma intensidade no olha brutal, nunca antes sentida. No final Maria parou e terminou com um grande “You ain’t woman enough to take my man!”. Todos bateram palmas, menos David que continuava agarrado a Maria.
-Cantas muito bem.
-Obrigada David. Tu também tens jeito para dançar.
-Obrigado.
-Vamos para a mesa? – dizia Maria, tentando com que saíssem daquele jeito.
-Sim, vamos. – David largou-a e sentou-se ao lado dela. Rúben deu-lhe um encontrão e eu fiquei como os brasileiros dizem “sem jeito”. O almoço continuou, falou-se um pouco de tudo. Até de carros. Algures nas conversas surgiam conversas paralelas.
-Então, você não tem carta?
-Não, gosto de andar a pé. Faz bem.
-E vai começar a estudar agora?
-Não, não. Vou acabar os estudos agora. Só me faltam mais 2 anos. Estou desejosa.
-Gestão não é? Um dia até pode ser presidente do Benfica!
-Era bom era, mandava todos os intrusos de lá para fora!
-O que eu gostava disso.
-Problemas?
-Um pouco. É que.. – David fora interrompido por Rúben.
-Manz, já são três horas, temos que ir! O mister falou de estamos lá antes das quatro.
-Já Rubo?
-Já meu…
-Ok, ok. Bem, sendo assim…
-Até um dia, não é?
-Sim, até um dia.
Todos se levantaram e se despediram. Ruben e David saíram pouco tempo depois e Matilde aproximou-se logo de mim.
-Então, ficas-te com o número dele?

3 comentários:

  1. cada vez a gostar mais desta historia.... Parabens continua....


    Mia

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  2. Hum... estou curiosa para saber qual vai ser a próxima que a Matilde irá aprontar!! lol

    continua

    bjs

    catysilva

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  3. tou a adorar a tua fan fic... alias já tou viciada nela...

    continua...

    quero mais...

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