quarta-feira, 1 de junho de 2011

Por agora...


Uma semana depois:

Tinha razão, tudo iria acabar por ficar pior. Éramos assunto principal nas revistas de Portugal e Inglaterra. Na minha primeira semana de faculdade, todos olhavam para mim de lado, os professores utilizavam-me como exemplo de gestão de esforço e as fãs que David deixara em Portugal escreviam mensagens de quase ódio para mim. Sentia uma pressão enorme mas tirando isto tudo na faculdade houve uma pessoa que me surpreendeu. Chama-se Emma e era uma professora da faculdade. Tinha 36 anos e era da Escócia. Tinha-se mudado para Londres em busca de uma nova vida, um novo trabalho e em busca de um novo amor. Emma tinha sofrido muito. Quando a sua mãe morreu, ficou sozinha no mundo e entregou-se nos braços de Matthew. Acabou por se transformar no seu pior pesadelo.
“It’s him or your career. You chose.”
Deixava muito que pensar as palavras dela, acho que quando me disse isto pela primeira vez escolhi o David. Ao fim de algum tempo acabei por me tornar racional. Iria esquecer todo o percurso que tinha feito até aqui pelo David? Ia esquecer o sonho de vir a ser gestora de uma empresa? O David nunca desistiu dos seus sonhos, sempre me incentivou a seguir os meus sonhos. Ia desistir dos meus sonhos?
“Where, you will not have any sucess. You are seen like a WAG.”
Eu não era uma WAG. Não era uma caça-futebolistas, não era.
“You know, I had been in America… Cleveland. I have contacts in Cleveland. If you want, I can give to you… Her name is Georgia, she was a teacher in one of the most known university in Cleveland…”.
A partir daí já
não ouvi mais nada, entrei num estado de… nem eu sabia o que aquilo era. Sentia-me nervosa, como se o tempo tivesse a andar lentamente.
“Are you saying I must go? I must leave David?”
“Like I said, you chose. Him or your career”
Cheguei a casa, à grande casa, confusa e sem saber o que fazer. Nem Gustavo, nem David, nem a mãe ou pai de David estavam em casa. Ouvi o telemóvel a tocar, era Matilde.
“Maria!!! Tenho algo muito bom para te contar!!”
-A sério? Conta! – tentei fazer voz de alguém animado e feliz.
“O Rúben pediu para eu ir viver com ele! Eu vou viver com ele! Parece um conto de fadas!”
-Eu sabia que vocês eram feitos um para o outro! – Nunca pensei receber uma novidade destas e nem sequer dar um grito de alegria.
“Maria? Está tudo bem?”
-Sim, claro que está tudo bem.
“Falei com os teus pais. O teu pai já te contou o que aconteceu?”
-O que aconteceu? O que é que aconteceu?
“Riscaram o carro ao teu irmão”
-Hã?! Não acredito! E ninguém viu nada? Ele tem tanto estimo a esse carro! – Era o novo carro que o meu irmão tinha comprado com o seu dinheirinho. Era um volvo, não era um grande carro mas ainda estava a pagar o carro. Não era fácil comprar um carro.
“Viram… Quer dizer, não viram. Deixaram um bilhete.”
-Um bilhete?! A dizer?!
“Ordinária da tua irmã. Pagas tu por ela! Não precisamos de pessoas como vocês! Sanguessugas.”
O mundo caiu aos meus pés. Tudo isto tinha ultrapassado os limites. Agora era a minha família estava a ser ameaçada.
-Eu… Eu vou falar com ele e pagar-lhe os estragos no carro. – Tentava não chorar. O meu telemóvel fez um sinal, estavam-me a ligar. Era Vera. Há quanto tempo não falava com ela. – Matilde, a Vera está-me a ligar. Eu já te ligo. Beijinhos. – Nem deixei a Matilde se despedir, atendi logo que pude a Vera.
“Menina Maria, a desaparecida e nova Pop-star de Inglaterra! Conta-me como estás? Já choraste muito? Estás a desesperar?”
-Vera… Ainda gozas com toda a situação?
“Claro que não. Olha, vim a Londres, estou num Starbucks ao lado da London Bridge. Tu sabes qual é certamente. Vem cá ter! Beijo grande”
Desligou-me o telemóvel, era tão típico da Vera. Gostava de ser como ela às vezes. Quem é a pessoa que aparece numa tarde em Londres, sem avisar? Alguém que não é bom da cabeça. Fui de táxi até ao tal Starbucks ao lado da London Bridge. Aquela zona era muito rica logo aquele starbucks estava sempre cheio. Lá vejo ela, sentada na esplanada, apanhar o pouco sol que havia em Londres.
-Vera!
-Maria! How are my beautiful London girl?
-Podemos falar português?
-Claro que sim. Não sei como aguentas, este inglês é tão..
-Horrível, eu sei. – completei. Ela acenou-me a cabeça, concordando.
-Conta-me, como estão as coisas por aqui.
-Vera… Não me faças contar, tu sabes bem como estão as coisas por aqui.
-Mas tu não sabes como estão as coisas por lá, por isso trouxe-te isto. – Vera agarrou na sua pasta e tirou um molho de revistas. Em todas elas, aparecia um destaque a falar da nova namorada de David Luiz. Comecei por folhear todas as páginas, por ler todas as palavras, por irritar-me com todas as imagens que lá apareciam que acabei por chorar. Vera, gentilmente, retirou um cigarro da mala e colocou-o na boca. – Tens lume? – Ela sabia que não fumava, por isso cheguei à conclusão que ela tinha algo para dizer. Acabei por dizer que não baixinho, tão baixinho que nem deve ter ouvido. – Tu és popular em Portugal. Se te levasse agora para lá eras conhecida como a mais ordinária do país mas ao mesmo tempo, ganhavas uns milhares com passagens de modelos. Mas não é isso que tu queres… Tu não queres ganhar um belo dinheiro por despires-te para uma revista ou desfilares de bikini para uns rebarbados. Tu queres poder. Queres ter tudo sobre controlo, sobre o teu controlo. Adivinha? Em Portugal já não vais conseguir isso. Perdeste tudo lá. Aqui? Nenhuma empresa  quer uma modelo como máxima gestora. Oxford university não vai aceitar nada vindo de ti. – Continuava a ver as notícias falsas que apareciam sobre mim e ouvia com o atenção o que Vera me dizia. Doía-me cada palavra que dizia. – A minha pergunta é: Vais ser só a namorada do David?
O silêncio predominou o momento. As fotos, eu não as conhecia de lado nenhum, era tiradas discretamente e em diferentes alturas do ano passado. Se já sabiam em Junho, porque só publicaram em Janeiro? Vera agarrou na sua pasta e foi-se embora da mesa.
-Onde vais?
-Embora.
-Embora?! Para onde?
-Tenho que ir para Manchester. Só passei por aqui para te ver. Acompanhas-me ao aeroporto? – Fui atrás dela enquanto tentava chamar um táxi. – Deita as revistas para o lixo. – disse-me.
-Porquê?
-Não quero que olhes mais para elas. São mentiras. Sabes distinguir a verdade da mentira?
-Sei, mas as pessoas..
-E desde quando é que tu te importas com as pessoas? – Respondeu-me de forma arrogante. – Perdi-me agora. Depois de tanta luta que deste pelo Diogo, com o David viraste “mansa”?
-Não é isso que quis dizer…
-Por parte, acho que te perdi quando começaste a namorar com o Diogo. Ficaste a sofrer em silêncio mas continuavas espevitada e a lutar pelo que querias. Agora, com o David, perdeste a noção de liberdade, de luta.
-E o que hei-de fazer Vera!? Diz-me! O que hei-de fazer?! – A raiva, a fúria e a frustração libertaram-se desta maneira. Estava a gritar com uma amiga minha, na rua à espera de um táxi.
-Liberta-te. – Ela entrou dentro de um táxi e fechou a porta logo a seguir, sem dar-me qualquer hipótese de entrar. – Vai arejar. Eu sei onde fica o aeroporto mas tu não sabes onde está a tua cabeça, ou como está... Às vezes o coração é importante mas a racionalidade é mais.
Vi o táxi partir, Vera nem olhou para trás. Ainda tinha as revistas na minha mão. Vera tinha razão em uma coisa, precisava de arejar.
Andei junto à margem do rio Tamisa, onde vários estrangeiros tiravam fotos. Em todo o mundo se falava em crise mas Londres estava sempre cheia de estrangeiros. Lembrei-me do carro do meu irmão, que ele tanto estimava, da vergonha que os meus pais deveriam de estar a passar, da ideia errada que as pessoas agora tinham de mim… Estava-me a sentir desesperada, num sufoco enorme. A minha relação com David estava em risco, sem dúvida. Eu ainda o amava, como nunca amei ninguém e sabia que esse sentimento nunca ia mudar mas será que valia a pena? Valeria a pena arriscar uma vida com que sempre tinha sonhado por um homem? Às vezes temos que rescindir de várias coisas…

Na casa do David, à noite:

Antes de entrar em casa, limpei algumas lágrimas que estavam ainda nos olhos. Respirei fundo, a decisão estava tomada, não havia maneira de voltar atrás.
-Maria, onde você foi? Estava preocupado com você… - David abraçou-me, de seguida agarrou na minha cara gentilmente e deu-me um beijo, ao qual não correspondi. – Que se passa? Você está gelada.
-David, precisamos de falar.
-Falar? Estamos falando agora… - David sorria para mim ao mesmo tempo que me embrulhava num casaco dele.
-Não, precisamos de falar muito a sério. Quem está cá em casa?
-Toda a gente. O que precisamos de falar?
-Chama-os para a sala… - Fui andando para a sala. David chamou toda a gente para a sala enquanto eu já estava sentada numa cadeira.
-Maria, para quê esta reunião familiar? – Perguntou Gustavo. David ficou a olhar para mim, percebeu que era sério. Os meus olhos estavam vermelhos, ele sabia que iria chorar a qualquer momento. A minha respiração tinha-se tornado irregular, inspirei pela última vez antes de falar. Senti como se fosse a última vez que ia inspirar felicidade, alegria, amor…
-Eu vou-me embora. Preciso de ir, preciso de ser considerada alguém capaz. Eu quero ser a Maria Duarte, não a namorada do David Luiz. Quero ser alguém neste mundo, quero que me respeitem e quero ter controlo das coisas. – A minha cara estava cheia de lágrimas, não conseguia falar sem interrupções. Tinha vários soluços entre as palavras. – Vou para Cleveland, na América. Isto tomou proporções horríveis, sinto-me como se tivesse perdido tudo e sei que a partir do momento em que sair daquela porta irei perder talvez o mais importante para mim. Mas, às vezes temos que rescindir de muita coisa e eu peço que me compreendam. Eu tenho um sonho e quero concretiza-lo, necessito de concretiza-lo. Faz parte de mim e se não o fizer, vou deitar parte da minha vida para o lixo. – David olhava para o chão. Cobria a sua cara com as mãos e com os caracóis. A mãe do David olhava para David, um pouco chocada. Já o pai e Gustavo estavam atentos à minha conversa. – Eu amo-te mais que tudo David, preciso que saibas disso mas eu já sobrevivi a tanto, agora não vou ficar nesta casa a servir de tua namorada. Neste momento só tenho a certeza de uma coisa, a partir do momento em que eu passar aquela porta o “nós” deixará de existir e haverá apenas a Maria e o David, em sítios distantes e diferentes, com pessoas distintas. Eu serei passado mas eu quero que saibas que serás sempre o passado que quero que volte a ser realidade, que volte a ser presente. – Levantei-me, com as lágrimas na cara e limpei-as. Pedi desculpa ao Gustavo e aos pais do David e cumprimentei-os. Por fim, dei um beijo na  cara de David.
-Porque me está a fazer isto?
-Por favor, nunca venhas atrás de mim, nunca mais. Não mereço alguém como tu. Quero que sejas muito feliz David, mesmo muito. Amo-te, nunca vou deixar de o sentir.
Sai daquela sala e fui até ao quarto buscar a minha mala que por alguma razão já estava feita. Estaria tudo destinado?
Desci as escadas e olhei a última vez para David, tinha os olhos vermelhos mas não tanto como os meus. Deixei as chaves no móvel de entrada e fechei a porta. Adeus Londres, a minha aventura acabou aqui. Por agora…




Peço desculpa por ser tão irregular ultimamente mas com testes é um pouco difícil. Daqui para a frente tentarei postar com mais regularidade. Beijinhos e não se esqueçam de comentar :D

5 comentários:

  1. fantastico... mas ela nao o pode deixar...

    quero mais...

    continua...

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  2. OMG?! O que é que vai acontecer??
    Tu não podes separar estes dois, quer dizer poder podes, mas NAO O FAÇAS!! :(

    AMOOO a tua fic, e assim que poderes ja sabes, capitulo novo aqui para as tuas leitoras fieis. xD
    Beijão minha cat*

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  3. Muito bom, mesmo! :D
    A Maria realmente tem de passar uns momentos sozinha para respirar e pensar bem, é muita coisa :\
    Espero é qe o David nao duvide qe ela realmente gosta dele.
    beijinhoos

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  4. Esta fantastica continua.bjs

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  5. Uii que este final de capitulo fui forte.
    Acho que se fosse pelo meu sonho fazia o mesmo que ela :DD



    Posta RAPIDAMENTE!! se não da-me um piripaqe! *)

    beijoO^^

    PS:: qero próximo capítulo!!

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