sábado, 12 de março de 2011

Meses, decisões, mas tu és o meu amor.

 -Rúben? O que estás aqui a fazer?
-Olá Maria. Sr. André, Sra. Maria José, Tiago. – dizia Rúben ao mesmo tempo que cumprimentava a minha família. Estático, o meu pai olhava para Rúben como se nunca tivesse visto um humano antes, só depois reparou que estava de mão dada a Matilde. – Sabes como é o David, quis juntar a família toda. Até a minha mãe está lá em cima.
-Afinal, quantos somos?
-Então, a tua família, a família do David e a mãe da Matilde e a minha. Umas treze pessoas.
Boa, treze, o número da sorte. Ao menos isto vai de mal a pior.
-Vamos subindo então? – sentia a pulsação aumentar, o coração a bater mais forte, como fosse saltar do peito. David estava de camisa e calças de ganga, Isabel com o vestido que comprou e a Dona Regina mais clássica. Parecia um burro quase, com as palas nos olhos, só olhei para David mas a realidade fez com que parasse e ficasse a olhar para aquele homem. Dei-lhe a mão e puxei-o sem dizer uma única palavra.
-Pai, este é o David. David, este é o meu pai, André.
-Boa noite Sr. André, sou o David. É um prazer conhece-lo, por fim.
-Igualmente. - O meu pai não queria dizer igualmente, de facto, quando dizia aquilo era sinal de cinismo completo. Agora sim, o inferno ia começar. Quando nos sentamos à mesa, sucessivas perguntas foram-nos feitas. Como nos conhecemos, onde, quando foi a primeira vez que saímos juntos até que o meu pai faz a pergunta chave.
-E quando ele sair do Benfica, como vai ser a vossa relação?
Fiquei sem palavras, não sabia o que responder. A verdade é que tinha onze pessoas a olharem para mim e uma (David) que também estava na mesma situação que eu.
-O futuro só a Deus pertence.
Sorri para o David, era maravilhoso ter um homem com uma última palavra sábia. O meu pai permaneceu-se no silêncio enquanto eu desfrutava do momento, afinal de contas a família estava junta. No final, David despediu-se de mim com um beijo. O meu pai ficou a olhar para o cenário, nem a conversa com o Rúben Amorim o distraía. Como tinha vindo com o meu pai, voltei com ele.
-O que achas-te do David?
-Sabes filha, custou-me muito que saísses da minha vida por causa de um homem. Desta vez não o irei fazer mas volto a dizer que não sou a favor desta relação. Ele vai-te fazer sofrer.
-Pai, não digas isso à Maria. O David é um bom rapaz.
-Tiago, eu sei o que digo. Ela vai aprender por si própria mas nesse dia não pode vir-se lamentar para minha casa. Eu avisei do que poderia acontecer.
Tentava não chorar mas as lágrimas enchiam-me os olhos. A minha mãe olhava para o meu pai, também não queria acreditar no que ele tinha dito. Ela tinha adorado David. Tiago, que ia ao meu lado no carro, colocou os seus braços por cima dos meus ombros. Levemente coloquei a minha cabeça em cima do seu peito e chorei livremente. Lembrei-me de uma vez que íamos no carro antigo, há mais de dez anos e o meu pai disse-me que não podia brincar com a Matilde. Tiago também estava ao meu lado e eu fiz exactamente a mesma coisa. Era o melhor irmão, estava sempre ali para me apoiar. Levou-me a casa de Matilde e nessa noite tomei uma decisão, ia em frente em tudo o que envolvesse o David.



O tempo voa, as relações ficam mais fortes, o amor maior. Depois de termos sido campeões, choveram propostas por David. Todos os dias, alguém telefonava e interrompia as nossas férias. Tínhamos ido com Matilde e Rúben ao Dubai. Fiquei impressionada com tanta riqueza no mesmo país mas não só, também com tanta pobreza. Uns viviam bem demais, outros não sabiam como viver. Centros comerciais compostos só de ouro e outros materiais, praias de areia branca e com água quente, comida que fazia-me ter imensas saudades da comida portuguesa… Dubai não foi o destino ideal para as primeiras férias com David mas não foi mau. David estava cada vez mais nervoso, a eventual saída do clube deixava-o assim. Quando voltamos para Portugal, David seguiu para o Brasil, eu fiquei em Portugal. David já me tinha pago a viagem para o Dubai, sentia-me mal em ir para o Brasil com ele, embora por muita insistência da sua parte. Os dias passaram, uns depressa, outros mais devagar. Embora já namorássemos há quase sete meses, ninguém sabia nem podia saber. Preferia que tudo se mantivesse assim. Aparecer em revistas, pessoas interceptarem-me na rua, ou olharem para mim.. Não, agora que ia recomeçar a estudar isso não poderia acontecer.




-Tem calma David, tudo se vai resolver.
-Eu estou calmo mas tudo isto… Tenho à cabeça feita em água, Maria. O presidente fala em muitas ofertas, não só boas para mim como para o clube. Não sei o que fazer…
-Meu amor… Mantêm-te concentrado naquilo que realmente gostas de fazer, jogar futebol. Dá o teu melhor e depois pensa nisso… Vai correr tudo bem.
-Só precisava de ouvir a sua voz, você me dá muita força. Obrigada Maria…
-Estarei sempre aqui para te apoiar. – ouvi uma voz de fundo. Parecia o treinador ou alguém da equipa técnica. Já tinha ouvido aquela voz em algum lado.
-Meu amor, vou ter que ir… Amo você, beijo grande.
-Vai lá meu anjo, bom jogo. Amo-te.
David desligou e eu voltei para o meu lugar. Matilde estava comigo, era a minha companhia durante os jogos.
-Então, é só amor entra vocês!!
-Fala, fala mas eu bem vejo as mensagens que mandas. O Rúben está nervoso?
-Que gracinha… Sim, está. Maria, precisava mesmo de falar contigo…
-Sobre…?
-Achas que estás pronta para voltar para a faculdade? É muito exaustivo e…
-Matilde, eu não aguento estar outro ano parada… Estou com saudades de estudar, de estar ocupada, de correr de um lado para o outro! Está na altura de voltar e vai-me saber muito bem!
-Estás mesmo feliz por voltar?
-Feliz? Muito feliz! Estava ansiosa por voltar a estudar! Minha rica Técnica, já sentia a sua falta!
-É impressionante a tua simplicidade – dizia a Daniela.
-Porque achas isso? – Perguntei-lhe, não entendia porque tinha dito isso.
-Porque… Olha, eu nasci perto do Rúben, fomos sempre os melhores amigos, fui das primeiras pessoas a quem ele contou que queria seguir a vida futebolística, apoiei-o e nunca aceitei nada em troca. Há muito tempo que vejo estes jogos, que falo com raparigas, namoradas e conquistas de alguns jogadores e algumas só estão interessadas pelo dinheiro. Elas vendem-se por um pouco de fama. Quando o Rúben contou-me que namorava com a Matilde, fiquei com o coração a mil. Não queria que ele fosse enganado. Eu sei que ele é muito inteligente, mas uma rapariga muito jeitosa é capaz de alterar os neurónios a qualquer homem. Quando a conheci não queria acreditar, estava parva. Ela não percebia nada de futebol, mas cada vez que o Rúben tocava na bola, ela aplaudia. Cada vez que ele sofria falta, mesmo que não fosse, ela gritava e desesperava. Percebi que não era como as raparigas interesseiras, ela embora não dissesse adorava e adora o Rúben. Por exemplo como agora, estou eu para aqui a falar e ela está tão interessada e concentrada a mandar mensagens ao Rúben que nem repara o que estou a dizer, não é Matilde?
-Hã? – respondia a Matilde que regressava do mundo da lua.
-Não interessa, passando à frente. Contigo, é quase a mesma coisa mas tu chegas a ser teimosa. Não queres nada do David a não ser o seu amor. És orgulhosa demais e o facto de ele ter-te oferecido ajuda para ires para uma privada, com melhores condições e tudo mais, tu recusas-te! Preferiste ir para uma pública onde as condições são piores porque não tinhas dinheiro para entrar na privada. Eu não acho isso normal…
-Eu acho muito normal. Sou orgulhosa e odeio quando ele vem com essas conversas de ir para a privada. Ele iria pagar a faculdade e eu não quero isso! Guardei algum dinheiro para pagar a faculdade, para além disso o meu avô deixou dinheiro para eu e o Tiago completarmos os nossos cursos, não preciso da ajuda do David.
-Esquece Daniela, não chegas lá… Eu já tentei, tantas e várias vezes mas não vale a pena. Casmurra como ela é?
-Eu sei que sim…
-Vocês importam-se? Eu ainda estou aqui!
-Pronto, pronto. Já está incomodada.
-Meninas, o Rúben diz que aqui a 5 minutos vai entrar.
Pouco depois, o hino começou, as pessoas levantaram-se, ergueram os cachecóis e as equipas entraram, o jogo ia começar e infelizmente, acabou da pior forma. O Benfica tinha perdido o primeiro jogo em casa depois da ressaca de campeões nacionais. Esperei por David no final do jogo, ele irritado, saiu do balneário e nem sequer me deu um beijo, um carinho, fosse o que fosse. Matilde ficou a olhar para a acção do David, vi-a a olhar para David e Rúben a segredar-lhe algo ao ouvido. Quando acabou, recuou e voltou a beijar Rúben, sorrindo-lhe.
-Preciso de ti.
-Que se passou David?
-Não bastou ter perdido o jogo? Não chega? – Matilde voltava a olhar para David, Rúben desta vez também olhou. Dei um passo para trás e dirigi-me para o carro dele. Não estava à espera de tal resposta. Ele não disse mais nada, nem se despediu de Rúben e entrou dentro do carro. Não me perguntou para onde queria ir, só parou quando chegou à sua casa. Abriu a porta, e foi directo à cozinha.
-David… - passei com a mão no braço dele. Ele virou-se e beijou-me abruptamente. Não sentia amor, nem paixão, nem nada. Só raiva nos seus movimentos. Rapidamente despia-me enquanto eu tentava afastar-me, entre empurrões mas David era muito forte. Dei-lhe um estalo e afastei-o com um empurrão. - Pára!!! - As lágrimas caiam-me pelos olhos, o estalo tinha sido com tal força que David tinha uma pequena ferida no lábio. A minha blusa antiga do Benfica estava completamente rasgada e o soutien no chão. Tapei-me com os braços, não esperava aquele comportamento do David. Não era ele, era outra pessoa. Não me agrediu nem nada, mas o facto e ele estar só a beijar-me por irritação deixou-me de rastos. David, acordou do seu estado, olhou para mim e a seguir pôs as mãos à cabeça.
-Maria… Me desculpe. O que estava fazendo… O que.. – David abraçava-me e beijava-me os ombros. Repetia várias e várias vezes perdão.
-Pshíu… - Agarrei David com a maior força que podia. Olhei para ele, para a sua cara. Os seus olhos estavam vermelhos, a sua voz oscilava e sangrava um pouco do lábio. – Desculpa, eu não…
-Desculpa?! Maria, eu agredi você! – David puxou uma cadeira e sentou-se. Lamentava os seus actos entre os seus braços.
-David! Tu não fizeste nada disso. Foi apenas um acto de loucura. Todos têm isso de vez em quando. Estavas chateado e com razão. Eu talvez é que não tenha agido da melhor maneira. Bati-te… - Beijei-o na bochecha e depois nos lábios. Ele não correspondeu.
-Não te mereço.
-Não digas isso…
-É a verdade.
-E eu amo-te. Isso não vale de nada?
-Vale. Vale tudo para mim.
-Então deixa assim ficar. – Limpei um pouco do sangue que David tinha no lábio e voltei a beija-lo. Agarrei na mão dele e conduzi-o até ao quarto. – Eu amo-te. Quero ser tua.



6 comentários:

  1. Uouhh, que momento este final!!
    Mas pelos vistos acabou bem xD
    Ansiosa por saber o futuro do David.
    Continua minha linda, e não nos faças esperar muito xD
    Beijão*

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  2. Bem o capitulo está lindoo.
    Agora quero mais!!
    Gostei tanto +__+

    Beijinhos Inês**

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  3. Que saudades que eu tinha de capítulos da Cat *.*
    awww :D amei, amei!

    Beijinhos, minha querida*

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  4. Adorei!
    Acho que o pai da Maria vai mudar de opinião... (espero que sim!)
    Bem, estou ansiosa pelo próximo.
    Kiss


    PS: Obrigada por deixares que leia a fic. É mesmo muito boa e viciante!
    Quanto a deixares o blog aberto ou não... Bem, eu também tenho um blog e tenho pensado nisso porque tenho lá a minha fic, mas mais do que isso, tenho textos e outras coisas demasiado pessoais... Mas, só tu é que podes decidir. Podes experimentar deixar o blog aberto durante uns tempos, porque, como eu, já muitas pessoas devem ter querido ler a tua fic e não conseguiram, mas depois podes fechar quando achares melhor. Fica ao teu critério. Só... Obrigada!

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  5. Bem que momento este no final, mas parece que acabou bem xD
    Estou ansiosa por saber o futuro do David.
    Continua minha linda, a tua fic é fantastica!!
    Beijao*

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