terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"Sim?!"

-Olá. – Disse-me David quando abri os meus olhos.  Ele olhava para mim a sorrir, parecia-me feliz. Eu também estava assim. Sorria sem nada ter acontecido só porque sim. Permaneci aninhada ao corpo dele toda a noite, a minha cabeça estava encostada ao ombro dele e os meus braços agarrados ao seu peito.
-Olá. – disse-lhe baixinho.
-Tem fome?
-Um pouco… - Ele preparava-se para sair da cama mas eu voltei a puxa-lo. – Não, fica mais um bocadinho.
Encostei a cabeça ao corpo dele, era tão perfeito. David, por sua vez, agarrou-me no queixo e puxou-o para cima, deu-me um beijo suave. Voltei agarrar-me do seu tronco, onde fazia pequenas festinhas com os meus dedos sobre os seus abdominais.
-Estou gostando cada vez mais de você. Nunca pensei que isto viesse acontecer.
As palavras de David fizeram o meu corpo estremecer. Ele sentiu isso e abraçou com mais força. Senti o calor e a preocupação que ele me transmitia naquele momento.
-Porque é que pensavas isso? Que isto nunca viesse acontecer?
-Porque… É tudo muito rápido. Fiquei enfeitiçado por você e o meu carinho por você neste momento é enorme.
-Achas que foi um erro?
-Não… Muito pelo contrário, você não é, nem nunca será um erro. – A minha cabeça virava-se para cima, ficando cara-a-cara com David, não sabia o que dizer perante aquelas declarações. Um pequeno “Adoro-te” não era suficiente mas um “Amo-te” era demais.
-Eu gosto realmente muito de ti e por favor, nunca duvides disso. – Voltei a encostar a minha cabeça ao tronco de David. Permanecemo-nos calados durante vários minutos mas fomos interrompidos pelo som do meu estômago a roncar.
-Você está mesmo com muita fome?
-Um bocado… - David levantou-se da cama e vestiu o seus boxers. Eu olhava pela sua janela aberta e via o Estádio de Alvalade. – Nem tinha reparado que tens esta “linda” vista. – disse-lhe ironicamente.
-Você tem gracinhas muito engraçadas. Não se despacha, não. Ainda fica sem pequeno-almoço. – David sai do quarto e eu fiquei lá sozinha. Ainda não tinha reparado bem no quarto. Era simples e com cores amenas, brancos e cremes. Fazia-me estar tranquila, quando olhei para o lado vi as horas. Eram quase oito e meia, cedo demais mas não me importava. O despertador fora muito bom.
-Tens treino hoje?
-Sim, tenho. Às dez… 
-Posso vestir uma blusa tua?
-Claro que pode, está a vontade!
Abri o armário dele e vasculhei por entre as gavetas blusas de pijama. Lá encontrei uma de manga comprida que me ficava enorme, servia para o que era. Quando cheguei à cozinha ainda ensonada, David já fazia torradas.
-Vai beber o quê?
-Tens iogurtes?
-Morango?
-Pode ser… - sentamo-nos os dois à mesa e entre brincadeiras com as torradas David pára e fez uma cara séria. – Que se passa? – perguntei. Não era habitual de David ficar com aquela cara.
-Maria, quero fazer uma pergunta à você.
-Podes-me perguntar tudo. – Embora tenho dito isso, o meu corpo arrepiou-se. Talvez não quisesse que ele perguntasse tudo.
-Maria, você quer namorar comigo? – os meus joelhos tremeram, a torrada caiu-me das mãos e os meus olhos ficaram estáticos a olhar para David. Não estava a espera que ele me perguntasse tal coisa. Respirei fundo e respondi-lhe.
-Tenho que responder já agora?
-Eu gostava, mas se tem dúvidas…
-Não. Eu não tenho dúvidas. Mas… Se eu respondesse já agora dizia que sim sem pensar e eu gosto de pensar.
-Eu dou o tempo tudo que você quiser. – David garra noutra torrada acabada de sair e esboça um sorriso amarelo. Lembrei-me dos momentos em que tivemos juntos, nos conselhos da minha mãe, do meu irmão, da Matilde, do Zeca, mas mais alto falava o coração. Pensar… Para quê pensar quando o coração tem tantas certezas. David tentava fazer uma cara feliz mas era visível que estava desiludido e eu não podia deixar que o cérebro, sistema que tinha tantas certezas sobre a minha antiga relação, arruína-se uma que ainda não tinha começado. Uma que o coração uma certeza, que o homem que estava à minha frente era muito importante. “O cérebro serve para fazer contas, o coração para decidirmos com razão”, disse-me uma vez Zeca.
-Sim. – respondi. Não sei o que me passou pela cabeça. Ah, já me lembro, não foi pela cabeça mas sim pelo coração. Estava na altura de mudar e de utiliza-lo mais vezes.
-Sim?
-Sim, eu quero namorar contigo. – David levantou-se da cadeira e abraçou-me. A minha torrada estava ainda na minha mão e quase a chegar ao seu cabelo – Cuidado! Olha a torrada! Ainda te sujo o cabelo! – David afastou-se e voltou à normalidade, agarrou na minha cara com as suas mãos apertando-a ligeiramente ficando com lábios de peixe.
-Eu adoro você, já tinha dito isso?
-Hoje, não… - Deu-me um beijo profundo e algo carente. Amava sentir seus lábios suaves e quentes a tocar nos meus. Ele empurrou-me ligeiramente para trás até bater na bancada da cozinha. Agarrou na minha cintura e puxou-me para cima da bancada, ficando eu sentada.
-Eu adoro você – disse enquanto me dava beijos pelo pescoço. Agarrei no seu queixo e apontei com o meu dedo para as horas. Eram quase dez para as nove.
-Já é tarde… O melhor é ires-te despachar.
-Dá tempo para um banho junto? – Ele disse-me aquilo enquanto voltava a dar-me beijos pelo pescoço e face. Não resisti em concordar com a ideia dele. Agarrou-me pela anca e eu encostei as minhas pernas junto das suas costas para não cair. David continuava a beijar-me ao mesmo tempo que andava  e me levava ao colo. Não conseguia ver o caminho então guiava pela seu conhecimento dentro de casa. Batemos algumas vezes contra as paredes mas mais se magoavam as paredes do que eu a mim. David pousou-me no chão da casa de banho e ligou a torneira. Despachou-se a despir-me e a seguir despiu-se sozinho, eu corri para dentro do pequeno duche, estava frio para estar assim. A água quente cai nas minhas costas e David chegava pouco depois. Estava de costas viradas para ele e sentia os seus beijos e toques nas costas. A água caía a ferver enquanto me virei para ele. Já tinha visto David naquele estado, molhado e com os caracóis todos alinhados, mas nunca tinha estado tão próxima. Dê-mos beijos carinhosos entre brincadeiras no duche mas o tempo escasseava e David teve que ir. Saímos os dois e David levou-me a casa. Matilde esperava-me ansiosa para lhe contar como tinha sido a noite. Zeca, não estava em casa.
-O que queres saber?
-O que se passou entre vocês?
-Então, o normal.
-Normal!?
-Sim, o normal.
-Fizeram… - dizia Matilde enquanto fazia uns gestos estranhos com as mãos, pequenas ondas e depois as palmas batiam uma contra a outra.
-Sim…
-Yeahhhh! – gritava eufórica Matilde. Por vezes achava que ela ficava mais feliz que eu.
-Tem calma… Ninguém pode saber disto!
-Sabes bem que não conto a ninguém. Mas… Como foi?
-Matilde – levantei-me do sofá onde estava sentada e fui em direcção da janela olhar para o sol que tentava sorrir entre as nuvens – não te vou contar isso… - Ela cruzava os braços e fazia uma cara aborrecida. A verdade é que estava ansiosa por contar e não ia resistir. – Foi lindo! – corri para o sofá para me voltar a sentar e contar-lhe tudo. – Ele é um espanto! Comemos na casa dele e foi ele que fez a comida! Depois dançamos ao som de Fur Elise e de uma música que desconheço mas clássica e no final levou-me ao colo para o quarto! Não estás a bem a ver… Foi um dos momentos mais lindos e fantásticos da minha vida! – Matilde abraçava-me com uma força enorme. Sabia muito bem receber aqueles abraços.
-Eu disse! Eu disse que ele era diferente! As minhas cartas têm sempre razão! Estou tão feliz por tu estares assim tão feliz! Se conseguisses ver a tua cara a falar dele, o teu sorriso, as tuas expressões, o teu olhar…
-Ah, e a outra coisa… E aqui eu preciso mesmo da tua opinião. – Afastei-me dela e ficou a olhar para mim, com cara de quem estivesse pronta para responder a tudo. – Ele pediu-me em namoro e eu…
-E tu?!!
-E eu aceitei! Achas que fiz bem? É que…
-Maria! Nem tentes arranjar desculpas! Sê feliz mulher! É óbvio que fizeste bem em aceitar… Tu nem sabes como os teus olhos brilham…
-Eu nem acredito que estou assim tão feliz… Passou tão pouco tempo desde…
-Desde?!
-Desde que eu conheci ele…
-Maria… E o Diogo?
-Matilde, estou certa apenas de duas coisas, a primeira é que adoro o David e a segunda, que o Diogo não é nada para mim…

2 comentários:

  1. Ai o amor destes dois (a)

    Confesso estou derretida :)

    Agora quero mais,sim menina Cat?xD

    Beijinhos***

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